Pânico, medo e tiroteios sem hora certa. Esta é a rotina que moradores do Tanque e da Taquara, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, denunciam nos últimos dias. De acordo com relatos anônimos passados à Folha do Leste, a comunidade Renascer vive dias de guerra. O início, segundo relatos, foi com um arrastão no dia 15 de dezembro, num domingo. Desde então, o terror tomou conta da região.
Moradores denunciaram, nesta quinta-feira (26), um intenso tiroteio na área. De acordo com moradores, a situação era no Renascer. A Folha do Leste procurou a assessoria da Polícia Militar, que informou não ter sido acionada para nenhuma ocorrência até a publicação da reportagem.
Arrastão em pleno domingo
A tarde de domingo, 15 de dezembro, corria tranquilamente quando um intenso tiroteio começou. De acordo com mensagens de um condomínio próximo, moradores relataram que os carros que passavam pela Avenida Nelson Cardoso em direção à Taquara, voltaram pela contramão.
A Folha do Leste teve acesso exclusivo à denúncia dos moradores.
Uma moradora topou conversar com a reportagem com a condição de anonimato. Ela conta que esperava uma visita do pai na noite do dia 17, uma terça-feira. De repente, ouviu tiros na rua. Quem passava próximo a uma lanchonete que se encontra na esquina da Avenida Nelson Cardoso com a Rua Imbuí correu na hora.
Com medo do pai ser vítima de bala perdida, ela fez uma ligação e foi buscar o filho que brincava na área de lazer dentro de um dos prédios no local
“Eu estava em casa esperando meu pai, enquanto meu filho brincava numa área de lazer. De repente, ouvi uns tiros pesados. Quem estava próximo à portaria disse que foi em frente ao condomínio onde moro. Na hora, liguei para o meu pai pedindo para ele ter muito cuidado. Também chamei meu filho para vir para o apartamento. Ele subiu correndo, cheio de medo”, detalha.
Uma outra moradora, que reside há mais de 40 anos na região, desabafa e se emociona.
“Infelizmente, Jacarepaguá acabou. A gente fica com medo até de ir para a padaria da esquina. Toda hora a gente ouve tiro. E nos últimos dias, o Tanque está um pesadelo”, conta também sob condição de anonimato.
Cabeça cortada e passageiros se abaixando em ônibus
A situação, de fato, causa medo em diversos moradores. Três dias após a denúncia do arrastão, no dia 18, numa quarta-feira, uma situação chocou quem vive na comunidade Renascer. Uma cabeça humana foi encontrada no acesso ao local.
A Polícia Militar não chegou a mencionar a situação em nota, mas admitiu que houve um acionamento na área por causa de um homicídio. No mesmo dia, ainda de acordo com a assessoria, a corporação encontrou uma pessoa ferida à bala próximo ao local.
No dia seguinte, passageiros da linha 878 se jogaram no chão do ônibus durante uma forte troca de tiros enquanto o veículo passava próximo ao terminal Tanque do BRT. Apesar da situação, ninguém se feriu na ocasião.