
Foto: Divulgação
A vexaminosa atuação da seleção brasileira masculina de vôlei, na decisão do Sul-Americano, em Recife, talvez tenha sido a cereja do bolo das pífias atuações do Brasil nos recentes campeonatos internacionais das mais diversas modalidades esportivas. E isso a um ano dos Jogos Olímpicos de Paris. E antes que continue o texto, é preciso deixar claro que perder não é o problema. O que chama a atenção é a forma como se perde.
Contra a Argentina, uma derrota por 3 a 0 (19/25, 27/29 e 22/25) quando, com exceção do segundo set, em momento algum se demonstrou vontade pela vitória. O time jogou sem determinação, sem interesse. Nem mesmo a vibrante torcida pernambucana, que em momento algum negou seu apoio, conseguiu injetar um pouco de vibração no time brasileiro – poderia usar outras palavras, mas estaria, talvez, sendo duro demais.
Foi a primeira vez que o Brasil perdeu o título sul-americano entre os homens no vôlei. Em 1964 (isso mesmo, há quase 60 anos) a Argentina também fora campeã, mas naquele ano o Brasil não participou. Ou seja, foi a primeira derrota, em quadra, do vôlei masculino do Brasil no continente. E é importante lembrar que tínhamos perdido para os mesmos rivais nos Jogos
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Olímpicos de Tóquio e que teremos, em breve, um pré-olímpico disputadíssimo.
Não se pense, porém, que apenas o vôlei está mal. Tivemos, há menos de um mês, o Mundial de atletismo em Budapeste. Outra risível apresentação brasileira. Conquistamos uma única medalha (bronze na marcha atlética de 20km, com Caio Bonfim). Alguns atletas não levaram sorte, é verdade. Nosso gigante Darlan Romani, do arremesso do peso, foi finalista – mas não repetiu o que conseguiu nas eliminatórias e terminou em oitavo.
Alison dos Santos, o Piu, voltava de contusão e seu quinto lugar pode ser visto como uma vitória – exatamente o que se escreveu lá em cima: o problema não é perder, não é não chegar ao pódio, é a forma como a derrota acontece.
Vários corredores deixavam as provas exibindo lindos penteados (nada contra) e falando em “realização pessoal”, “aprendizado”, mas jamais admitindo que falta treino, empenho, disposição…
No mundial de esportes aquáticos, realizado um pouco antes, no Japão (Fukuoka), mais uma vez apenas uma medalha de bronze, com a inesgotável Ana Marcela Cunha, nos 5km da maratona aquática. E nada mais. Novamente as mesmas desculpas, uma ou outra vaga olímpica e fim de papo. Importante ressaltar que, nos dois mundiais citados, foram cerca de 100 atletas – e ninguém comentou falta de apoio ou investimento, como sempre foi comum.
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Tivemos o mundial de canoagem, na Alemanha. Izaquias Queiroz, que com sinceridade admitiu ter relaxado um pouco nos treinamentos para dedicar-se à família, herdou uma vaga para os Jogos Olímpicos de Paris, mas não conseguiu nenhum pódio, como já nos acostumara nos últimos tempos. Repetindo: o baiano Izaquias admitiu que dedicou mais tempo à família, logo, temos o direito de pensar (e torcer) que para Paris o pódio pode ser realidade.
Percebem a diferença?
E para que não digam que só há críticas aos chamados esportes olímpicos, não custa ressaltar a boa participação das meninas brasileiras no mundial de ginástica rítmica realizado em Valencia, na Espanha. A equipe dos cinco arcos terminou em quarto lugar, empatada com a Itália. Se o bronze ficou por perto, a vaga para Paris foi garantida. Um feito e tanto. Um pouco antes, na Challenge World Cup, na Romênia, as meninas já haviam feito história com o bronze de Barbara Domingos na fita, a prata no conjunto dos cinco arcos, a vitória na série mista e o bronze no geral.