
Ministra da Saúde participa de reunião do G20 no Rio e cobra rigor na investigação de laboratório em Nova Iguaçu | Tomaz Silva/Agência Brasil
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, reiterou nesta terça-feira (29), no Rio de Janeiro, sua indignação devido à falha num exame de detecção do vírus HIV pelo laboratório PCS Lab Saleme, localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A empresa de análises clínicas tem como sócia uma tia do deputado federal Dr. Luizinho (PP), ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, e padrinho da atual gestora da pasta, Cláudia Mello.
Nísia esteve na capital fluminense participando de reunião entre Ministros de Saúde do G20. O encontro discutiu a desinformação em saúde e abordou os desafios e soluções nesse sentido.
Durante entrevista coletiva de imprensa, a ministra destacou a ação conjunta com Conselho Nacional de Justiça para enfrentar o que considera como “gargalo do sistema”: a doação de órgãos pelas famílias. Tal situação se agrava com uma ocorrência desta natureza, apesar de o caso estar sob investigação das polícias Civil e Federal.
“Então estamos num caminho de fortalecer o sistema e é fundamental que algo dessa gravidade seja devidamente apurado, investigado com rigor e que a sociedade esteja informada, porque não podemos perder a confiança em nenhuma hipótese num sistema que é reconhecido mundialmente”, disse.
Mera coincidência
O caso do laboratório em Nova Iguaçu trouxe questionamentos sobre o deputado federal Dr. Luizinho (PP-RJ), ex-secretário de Saúde do Estado do Rio. Ele foi associado ao laboratório PCS Lab Saleme, envolvido no incidente, devido à proximidade familiar com um dos sócios.
Ao ser questionado sobre uma possível influência do deputado na contratação do laboratório, o governador Cláudio Castro afirmou que o processo seguiu o modelo de pregão eletrônico, monitorado pela Controladoria Geral do Estado, e que direcionar o resultado exigiria “um grande malabarismo”.
Castro também defendeu Cláudia Mello, atual secretária de Saúde, indicada pelo deputado.
“Ela tem 23 anos de carreira na saúde pública, com 15 anos dedicados à secretaria. Não há razões para puni-la”, finalizou o governador.
Fusão hospitalar
A fusão do Hospital dos Servidores do Estado com o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, da UniRio também esteve em pauta na coletiva. Tal fato vai se consumar por meio de um acordo de cooperação técnica do Ministério da Saúde com a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) e com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Conforme justifica Nísia Trindade, a descentralização ocorre para potencializar o Hospital do Servidores. Principalmente, respeitando as excelentes clínicas que existem lá. A Ministra defende essas mudanças porque os hospitais federais estão atendendo à população com muita precariedade, e sem o uso pleno da sua capacidade.
“É um trabalho a ser feito com o que há de melhor também hoje nesses hospitais, mas fazendo esse processo de recuperação, de reestruturação, em benefício da Saúde da população”, disse a Nísia Trindade.
Recentemente, o Hospital do Andaraí passou para a administração da prefeitura do Rio de Janeiro. Outra instituição federal, o Hospital de Bonsucesso, está sob gestão do Grupo Hospitalar Conceição, uma estatal vinculada ao próprio ministério.
Dengue
Em relação à dengue, que costuma ter aumento de casos no verão, a ministra afirmou que neste momento o governo está focado na prevenção, conscientizando a população a destinar 10 minutos de seus dias para buscar focos de mosquito Aedes argypti, vetor do vírus da dengue, e no uso de tecnologias de controle do inseto, com a liberação de mosquitos infectados pela bactéria Wolbachia.
Para o ano que vem, está prevista a aplicação de 9 milhões de doses da vacina contra a dengue em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade. O Ministério da Saúde ainda fará um diagnóstico para verificar em que municípios fará campanhas de vacinação.
“Ainda estamos trabalhando com o Instituto Butantan, aguardando a possibilidade de aprovação de uma nova vacina para aumentar essa oferta [de imunizantes] e ter um plano de vacinação mais amplo”.
Por fim, Nísia afirmou que as mudanças climáticas tornaram a Dengue um desafio global. Atualmente, a doença já atinge a maioria dos países.
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*Com informações da Agência Brasil