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Metanol em bebidas: universidades públicas oferecem testes rápidos e gratuitos

Metanol em bebidas: universidades públicas oferecem testes rápidos e gratuitos | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O metanol em bebidas alcoólicas não apresenta cheiro ou gosto diferente, e sua detecção só é possível por meio de testes laboratoriais. Pesquisas desenvolvidas em universidades públicas brasileiras ampliam as opções de identificação da substância.

O Ministério da Saúde confirmou nesta sexta-feira que existem pelo menos 113 registros de contaminação por metanol, sendo 11 casos confirmados e 102 em investigação.

UFPR realiza testes gratuitos

O Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), abriu atendimento ao público em geral para examinar bebidas alcoólicas de forma gratuita mediante agendamento.

Segundo o vice coordenador do laboratório, o professor de química Kahlil Salome, a análise é rápida e funciona de forma semelhante a exames médicos.

“Colocamos o líquido em um tubo. A análise leva cerca de cinco minutos por amostra”, explicou. Basta 0,5 ml da bebida para que o equipamento gere um gráfico, indicando a presença de metanol.

O professor destacou que o teste é confiável mesmo em bebidas com corantes ou frutas e consegue identificar quantidades inadequadas ao consumo humano, como 10 microlitros de metanol em 100 ml de bebidas como cachaça, vodka e tequila.

Método da Unesp

A Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara, desenvolveu em 2022 um método patenteado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) para identificar metanol em bebidas destiladas.

A técnica envolve a adição de um sal que transforma o metanol em formol, seguido de um ácido que altera a coloração da solução. Todo o processo dura cerca de 15 minutos.

Startup da UnB

Outra iniciativa surgiu na Universidade de Brasília (UnB) em 2013, no Laboratório de Materiais e Combustíveis. O químico Arilson Onésio Ferreira, durante o mestrado, desenvolveu um teste com reagentes que deu origem à startup Macofren, oferecendo kits para empresas privadas e órgãos governamentais.

O kit custa em torno de R$ 50, e cada teste, utilizando 1 ml da bebida, sai por cerca de R$ 25. Segundo o pesquisador, a demanda aumentou desde o início da crise, com cerca de 200 empresas na fila, incluindo produtores de eventos e festas.

O químico alerta que o consumo de 30 ml de metanol pode ser letal, e que os testes devem evitar falsos negativos, mesmo diante da diversidade de formulações alcoólicas.

Universidades públicas atuam em crise

O professor Kahlil Salome enfatiza que a participação das universidades públicas é essencial para a sociedade, inclusive em momentos de crise. Laboratórios semelhantes em outras instituições federais também podem ser acionados para exames de metanol.

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