
Foto: Divulgação – Prefeitura de Niterói
Merendeiras que trabalham na rede municipal de educação de Niterói anunciaram paralisação para a próxima segunda-feira (30). As profissionais reivindicam duas pautas antigas: a mudança de nomenclatura para cozinheiras escolares e a redução da jornada para 30 horas semanais.
Élida Vianna, que é cozinheira na Escola Municipal Anísio Teixeira, em São Domingos, afirmou que a mudança da nomenclatura está prevista no Plano Municipal de Educação (PMEN), mas não foi posto em prática pelo governo municipal. Ela explicou a motivação da reivindicação.
“A paralisação é no dia 30 e faremos um ato que vai sair do Hospital Universitário Antônio Pedro, no Centro, em caminhada até a Prefeitura. Estamos requerendo a mudança de nomenclatura, já aprovada no Plano Municipal de Educação, em 2016. Não somos merendeiras, somos cozinheiras preparamos refeições completas. Nossa luta é em cima disso”, disse.
Também integrante do movimento, a cozinheira Elisangela Beltrão explicou que a mudança da nomenclatura-faz se necessária porque a a alimentação escolar se modificou ao longo dos anos. Hoje, há cardápios elaborados por nutricionistas, considerados mais esses complexos. Desse modo, a a alimentação escolar dos alunos é feita toda praticamente in natura.
“A gente recebe os alimentos, a gente faz o pré-preparo e preparo e depois ainda tem a limpeza da cozinha. Ou seja, a sobrecarga do trabalho é enorme porque a cozinheira escolar faz tudo. Atualmente, 83% das licenças médicas são por problemas ortopédicos. Ou seja, o nosso corpo não está mais aguentando a sobrecarga de trabalho”, explicou.
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Além disso, Élida Vianna citou que, em unidades de ensino geridas pelo Município, há falta de infraestrutura básica para o preparo das refeições. Por fim, citou que o Programa de Reestruturação e Organização das Cozinhas Escolares, o PROCozinha, anunciado em maio pela Prefeitura, não está sendo cumprido.
“Na última paralisação, nossa greve foi judicializada pelo governo para que a gente voltasse a trabalhar. O PROCozinha nunca saiu do papel. Nunca chegou nenhum material nas escolas, sem condição nenhuma de trabalho. Nós trazemos até mesmo as facas de casa, fora a falta de gás e de ingredientes”, pontuou.
Já Elisangela Beltrão citou que há escolas com infestações de insetos. Além disso, em relação à pauta da redução da carga horária, destacou que o motivo é a sobrecarga de trabalho, visto que há cozinheiras que entram no trabalho pela manhã e ficam, confinadas no mesmo ambiente, até o começo da noite.
“O governo anunciou PROCozinha, que são melhorias e obras dentro das cozinhas. Só que, de 94 escolas, só mexeram em 12 ou 14. Como a gente fica oito horas e muitas vezes nove horas diárias dentro da cozinha, acabamos adoecendo e não temos como fazer tratamento, porque sessões de fisioterapia, por exemplo, são no horário de trabalho”, completou a cozinheira.
A reportagem procurou a Prefeitura de Niterói e questionou sobre as reivindicações, bem como se há um plano de contenção para que os alunos não fiquem sem refeições na segunda-feira, diante do anúncio de paralisação. Até o momento, o Município não encaminhou resposta.
PROCOZINHA
O Programa de Reestruturação e Organização das Cozinhas Escolares, o PROCozinha, foi anunciado em 23 de maio, conforme divulgado no FOLHA DO LESTE. A promessa era de investimentos na ordem de R$ 10 milhões na modernização, readequação da infraestrutura, bem como na valorização profissional, segurança e saúde do servidor.
O secretário de Educação e presidente da Fundação Municipal de Educação, Bira Marques, destacou, na época do anúncio, que algumas unidades passariam por reformas. Elas aconteceriam durante as férias do meio e do fim do ano. Segundo ele, para melhorar a ventilação e as condições de trabalho.
“Além dessas readaptações, serão adquiridos equipamentos funcionais, que facilitem e agilizem o preparo dos alimentos, exigindo menos esforço físico dos profissionais. Para estimular a valorização das boas práticas, os tão aplaudidos concursos de pratos da rede também serão retomados, tendo como novidade a participação dos jurados mirins: os próprios alunos”, explicou Bira Marques.