
Menina autista e o cão Tedy antes da tentativa frustrada de embarque pela TAP | Reprodução/Arquivo Pessoal
A criança não fala. Comunica-se por um aplicativo. Sente o mundo em ondas de sensações que poucos adultos compreenderiam. E só encontra equilíbrio quando Tedy está por perto.
Neste sábado, a irmã da menina tentou levá-lo em dois voos da TAP, no Aeroporto Tom Jobim. Nada feito. Os dois voos frustraram a esperança de reencontro.
“Ontem ela estava na expectativa da chegada dele e teve outra crise. A gente praticamente não dormiu , lamentou Renato Sá, pai da menina.
A função do cão não é estética. Não é afeto comum. É suporte vital. Ele reduz as crises de ansiedade, os acessos de agressividade. Atua como um mediador do caos interno da criança.
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A família tenta explicar a situação com delicadeza. Mas como traduzir a burocracia de uma companhia aérea a alguém que interpreta o mundo por imagens, sons e sensações? Como convencer uma alma sensível de que seu amigo de quatro patas não desapareceu por abandono?
Desde que a TAP vetou o embarque, a menina perdeu o chão. As crises aumentaram. O sofrimento se tornou diário.
“Temos dificuldade de extrair dela o que está acontecendo. Ela se comunica através de um aplicativo. A gente vai explicando que foi um imprevisto, mas não dá para explicar essa situação de liminar e o real motivo do cachorro não ter embarcado”, diz o pai.
A mudança para Lisboa aconteceu por motivos profissionais. Renato foi convidado pela Universidade de Lisboa e aceitou o desafio. Mas agora vê a família dilacerada.
“Não posso sair daqui neste momento. Mas minha filha precisa do Tedy”, afirma, com pesar.