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Luta contra degola agita última rodada na França

Com o Paris Saint-Germain campeão por antecipação, o Campeonato Francês realiza, neste sábado, sua última rodada com uma grande atração: a luta contra o rebaixamento. E tudo porque, há dois anos, com apenas um voto contrário, foi aprovado que, a partir da temporada 23/24 a Ligue 1 (primeira divisão francesa) terá apenas 18 clubes. Assim, cairão quatro e subirão apenas dois. Já estão rebaixados o Angers (lanterna indiscutível, com apenas 18 pontos ganhos) e Ajaccio e Troyes (ambos com 23). A última vaga é que dá emoção à rodada 38.

Com 33 pontos ganhos, o Nantes receberá o Angers. Se vencer, torcerá para um tropeço do Auxerre, que tem 35 pontos ganhos e recebe o Lens, vice-campeão. Ou seja… Os dois adversários das equipes que lutam para escapar da degola não têm mais nada a ganhar (ou perder). Só que a qualidade do rival do Auxerre é muito maior – e não fica bem para um vice-campeão despedir-se com derrota… A expectativa na França é enorme devido à essa mudança que, de início, afetará apenas a primeira divisão.

Farinha pouca, meu pirão primeiro

Há exatos dois anos, no dia 3 de junho de 2021, a Assembleia Geral da Liga de Futebol Profissional da França aprovou, com 97,28% dos votos (apenas o Metz foi contra), a redução do número de participantes da Ligue 1. Na proposta então apresentada, a justificativa era “elevar a competitividade”, mas todos sabiam que a intenção real era diminuir o número de fatias do bolo dos direitos de televisão.

Para a Liga, a redução é “o primeiro passo” para uma mudança mais drástica no futebol francês. A hegemonia do PSG, e a falta de resultados internacionais das equipes francesas, ajudam a embasar a desculpa da busca por equipes mais fortes na primeira divisão. Resta saber se a questão financeira será satisfatoriamente resolvida. Há duas temporadas os clubes levaram um calote da emissora que comprara os direitos. Foi substituída, mas a sucessora não chegou nos valores inicialmente prometidos.

Os rivais do PSG veem o aumento das cotas de televisão como uma forma de reduzir o abismo financeiro que os separa do time de Mbappé, Messi e Neymar. Há, também, e tecnicamente mais importante, a redução no número de datas necessárias para o Campeonato Francês (menos dois times, menos quatro jogo), permitindo mais tempo para pré-temporada e preparação das equipes.

Se, à época, apenas um time votou contra a proposta, entre os esportistas a redução é encarada quase que como uma forma discriminatória. Garantem que muitas cidades perderão o interesse pelo futebol se os seus times tiverem as chances de chegar à primeira divisão reduzidas – o que seria um verdadeiro tiro no pé, pois com menos interesse a televisão arrecadaria menos, tendo menos dinheiro a oferecer.

Estilo várzea

E nesta sexta-feira foram definidas as duas equipes que subirão. Ou melhor… Parecem ter sido definidas. A dúvida acontece porque duas partidas não terminaram de forma tradicional. O jogo entre Bordeaux e Rodez foi interrompido ainda no primeiro tempo, depois que um torcedor local agrediu um jogador do Rodez que comemorava o gol – o Bordeaux luta por uma das vagas do acesso; o Rodez, que vencia na hora da paralisação, briga para não cair. Segundo informações da imprensa francesa, o jogador agredido sofreu uma concussão cerebral.

Por ironia, as equipes que até o momento sobem para a primeira divisão são o Le Havre (teoricamente campeão, com 75 pontos ganhos após a vitória sobre o Dijon) e o Metz, que bateu o Bastia por 3 a 2 e abriu três pontos de vantagem sobre o Bordeaux. E por que o teoricamente? O Le Havre ganhava o jogo, mas o árbitro indicara cinco minutos de acréscimo para o segundo tempo. Faltando, porém, dez segundos para o apito final, os torcedores decidiram invadir o gramado. Resultado? O jogo foi interrompido e… Bem, como com a derrota o Dijon estava sendo rebaixado, seus jogadores deixaram o campo imediatamente.

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