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Lupi deixa Ministério da Previdência após escândalo no INSS

Lupi deixa Ministério da Previdência após escândalo no INSS | Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, oficializou nesta sexta-feira (2) sua saída do governo federal. A decisão ocorreu após revelações de fraudes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ligado à sua pasta.

“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”, publicou Lupi em uma rede social.

O político, que presidia o PDT até sua licença, estava há mais de dois anos no comando da Previdência. Ele foi um dos primeiros ministros nomeados no atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde março, Lupi enfrentava forte pressão por causa das denúncias.

Substituição já era discutida no governo

Wolney Queiroz, ex-deputado e atual número dois da pasta, assumirá o lugar de Lupi. O nome já vinha sendo articulado com o PDT, partido que integra a base governista. A substituição ocorre após o Jornal Nacional revelar que, em 2023, Lupi participou de reunião do Conselho Nacional da Previdência Social onde foi alertado sobre os desvios.

As primeiras medidas para conter as irregularidades só foram tomadas quase um ano depois. Na mesma reunião, estava presente o novo ministro.

Apesar do desgaste, Lupi afirmou não ser alvo das investigações.

“Tomo esta decisão com a certeza de que meu nome não foi citado em nenhum momento nas investigações em curso […] por mim e pelos órgãos de controle do governo Lula”, declarou.

Governo tenta conter danos políticos e institucionais

A situação de Lupi foi considerada insustentável por integrantes do Planalto. Mesmo com o risco de ruptura com o PDT, Lula optou pela troca.

O ex-ministro tentou preservar o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, nomeado por ele. No entanto, Lula nomeou Gilberto Waller Júnior, procurador federal, para o comando do instituto. Stefanutto foi exonerado na semana anterior à saída de Lupi.

Na avaliação de auxiliares do governo, a gestão do ex-ministro sofreu críticas constantes, sobretudo por não conseguir reduzir as filas de perícia do INSS.

“Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, declarou Lula durante pronunciamento no Dia do Trabalhador.

Esquema de fraudes no INSS movimentou bilhões

A Polícia Federal, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), identificou um esquema de fraudes em aposentadorias e pensões que operava desde 2019. Associações cadastravam aposentados sem autorização, utilizando assinaturas falsas para descontar mensalidades de benefícios pagos pelo INSS.

Segundo a investigação, o prejuízo pode ultrapassar R$ 6,3 bilhões. O esquema continuou durante os governos Bolsonaro e Lula. Diversos itens foram apreendidos, incluindo dinheiro em espécie, carros de luxo, relógios e joias. Uma Ferrari também estava entre os bens dos envolvidos.

O principal suspeito, segundo a PF, é o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. Ele é sócio de 22 empresas registradas no mesmo endereço, em Taguatinga (DF).

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