
Lula defende nova governança global e cobra fim das guerras no Fórum do BRICS | Ricardo Stuckert/PR
O Fórum Empresarial do BRICS começou neste sábado (5), no Píer Mauá, no Rio de Janeiro, com discurso contundente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele defendeu o multilateralismo, cobrou o fim das guerras e pediu governança global para inteligência artificial.
Brasil cobra protagonismo Sul-Sul e desenvolvimento sustentável
Lula destacou o papel estratégico dos países do BRICS na economia global. Segundo ele, o bloco já representa mais de 40% do PIB mundial em paridade de poder de compra.
“Em 2024, enquanto o mundo cresceu 3,3%, registramos uma expansão média de 4% nos países do Brics. Este ano seguiremos em ritmo superior. Com o crescimento de países parceiros e convidados, consolidamos o grupo como um polo aglutinador de economias prósperas e dinâmicas”, apontou.
O presidente também elogiou a atuação do grupo contra a fome e pela saúde pública.
“Crédito rural, fomento à agricultura de baixo carbono e restauração de terras degradadas potencializam nossa capacidade de produzir alimentos para o mundo. O Brics foi essencial para a criação da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Fortalecer o complexo industrial da saúde amplia o acesso a medicamentos e é fundamental para superar doenças socialmente determinadas que afligem os mais vulneráveis”.
Alckmin reforça papel do Brasil nas agendas globais
O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou o protagonismo brasileiro em segurança alimentar, energética e ambiental. Segundo ele, o país lidera exportações de alimentos, possui 85% de energia limpa e reduz o desmatamento.
Governança sobre IA e apelo por paz
Em um dos momentos mais aguardados, Lula defendeu governança multilateral sobre inteligência artificial, alertando para os riscos de um sistema controlado apenas por grandes empresas de tecnologia.
“A inteligência artificial traz possibilidades que há poucos anos sequer imaginávamos. Na ausência de diretrizes claras, coletivamente acordadas, modelos gerados apenas com base na experiência de grandes empresas de tecnologia vão se impor. Os riscos e efeitos colaterais da inteligência artificial demandam uma governança multilateral”.
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Ao fim, o presidente fez um apelo enfático pelo fim das guerras, citando diretamente os conflitos na Faixa de Gaza e na Ucrânia.
“Não haverá prosperidade em um mundo conflagrado. O fim das guerras e dos conflitos que se acumulam é uma das responsabilidades de chefes de Estado e de governo. É patente que o vácuo de liderança agrava as múltiplas crises enfrentadas por nossa sociedade. Estou certo de que este Fórum e a Cúpula do Brics, que se inicia amanhã, aportarão soluções. Ao invés de barreiras, promovemos integração, contra a indiferença, construímos a solidariedade”.
Fórum destaca integração econômica e inovação sustentável
O evento também contou com a presença do primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim, que defendeu o comércio entre países do Sul e criticou tarifas e protecionismo.
“Temos um potencial gigantesco de aumento, só com essa força nós poderemos negociar de forma justa e segura com outros parceiros, de forma multilateral. Precisamos exigir uma mudança democrática, justa, internacional e multilateral”, completou.
A programação inclui quatro painéis temáticos com representantes de grandes indústrias dos países-membros. Os temas vão de segurança alimentar e transição energética à descarbonização e transformação digital.
BRICS Solutions Awards e Women’s Startup Contest premiam inovação
Duas premiações encerram o fórum: o “BRICS Solutions Awards”, com 18 iniciativas sustentáveis em áreas como bioeconomia e segurança alimentar; e o “BRICS Women’s Startup Contest”, que contou com 1.032 inscrições e premiará startups lideradas por mulheres em seis categorias.
Cúpula de líderes começa neste domingo
A cúpula de chefes de Estado do BRICS será aberta neste domingo (6), no Museu de Arte Moderna (MAM), e segue até segunda-feira (7). Lula terá reuniões com líderes de China, Cuba, Etiópia, Nigéria, Malásia, entre outros, no Forte de Copacabana.
O que é o BRICS?
O BRICS reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de países recentemente incorporados, como Egito, Irã, Etiópia, Indonésia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Também conta com parceiros como Cuba, Nigéria e Cazaquistão.
O grupo atua no fortalecimento do Sul Global, buscando mais influência na governança internacional, com foco na reforma de instituições como a ONU, FMI e OMC. Também defende o desenvolvimento sustentável e a inclusão social.