
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a democracia nas eleições dos EUA | Foto: Ricardo Stuckert
A poucos dias das eleições presidenciais nos Estados Unidos, que polarizam o país entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva expressou suas preocupações e expectativas. Com mais de 60 milhões de eleitores já tendo exercido seu direito de voto, o clima é de expectativa e tensão.
Durante uma entrevista ao canal francês TF1, Lula, em suas declarações, ressalta a importância da democracia e critica os discursos de ódio que, segundo ele, têm se proliferado não apenas nos EUA, mas em todo o mundo. O presidente abordou a necessidade de uma democracia saudável, caracterizada pela diversidade de ideias e debates civilizados.
“A democracia é o espelho fiel de um sistema político que permite os contrários”, afirmou, enfatizando que a vitória de Harris poderia fortalecer os pilares democráticos nos EUA.
Lula lembrou dos eventos tumultuosos do ataque ao Capitólio, um episódio que, para ele, manchou a imagem dos EUA como modelo democrático.
A realidade eleitoral
Com as eleições marcadas para terça-feira (5), os números indicam um envolvimento significativo da população. Segundo a Universidade da Flórida, mais de 60 milhões de votos já foram registrados, refletindo uma alta mobilização.
Lula alertou para a crescente polarização e para o ressurgimento de ideologias extremistas, comparando-as a fenômenos históricos como o fascismo e o nazismo.
Desafios globais e o G20
A conversa também abordou a presidência brasileira do G20, que se realizará no Rio de Janeiro. Lula destacou a urgência de uma “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, questionando a lógica por trás da fome em um mundo que é autossuficiente em alimentos. Ele defendeu a criação de um imposto sobre os super-ricos, mencionando que apenas 3 mil pessoas acumulam uma fortuna equivalente a US$ 15 trilhões. Segundo Lula, um tributo de 2% sobre essas fortunas poderia arrecadar entre US$ 250 bilhões e US$ 300 bilhões, dinheiro que poderia ser destinado ao combate à fome.
Reforma da ONU
Em seu discurso, Lula também defendeu uma reforma na Organização das Nações Unidas (ONU), propondo mudanças no Conselho de Segurança e a inclusão de mais países de diferentes continentes. Para ele, a representação de países como Alemanha, Índia, Nigéria e Etiópia é crucial para uma governança global mais justa e representativa.
Um Olhar sobre a guerra na Ucrânia
Por fim, o presidente comentou sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. Ele sugere uma solução pacífica através de referendos para determinar a vontade do povo sobre a ocupação territorial.
“Vamos deixar o povo decidir”, declarou, sublinhando a importância da democracia nas resoluções de conflitos.