Brasil

Lula assina decreto que regulamenta TV 3.0 no Brasil

Lula assina decreto que regulamenta TV 3.0 no Brasil | Valter Campanato/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira (27), no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0, a nova geração da televisão aberta brasileira. Segundo o Ministério das Comunicações, a tecnologia vai transformar a forma como os brasileiros assistem TV, com mais interatividade, som e imagem de alta qualidade e integração com a internet.

Considerada a televisão do futuro, a TV 3.0 permitirá o uso de aplicativos que possibilitam interações em tempo real, compras pelo controle remoto e acesso a conteúdos sob demanda. A tecnologia combina transmissão tradicional (broadcast) com internet (broadband), oferecendo novas oportunidades de receita às emissoras.

O padrão técnico adotado pelo Brasil será o ATSC 3.0, recomendado pelo Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD). O decreto também definirá funcionalidades e o cronograma de migração, iniciado pelas grandes cidades. Parte da população poderá acessar a TV 3.0 já durante a Copa do Mundo de 2026.

Interatividade e personalização

A TV 3.0 permitirá votações em tempo real, conteúdos estendidos, serviços de governo digital, alertas de emergência, novos recursos de acessibilidade, publicidade personalizada e T-commerce. Segundo Raymundo Barros, diretor de Estratégia de Tecnologia da Globo, a novidade simboliza uma renovação do compromisso da radiodifusão com informação, cultura e ética.

+ MAIS NOTÍCIAS DO BRASIL? CLIQUE AQUI

A interface baseada em aplicativos dará destaque a conteúdos adicionais sob demanda, mantendo a possibilidade de zapeamento entre canais. Marcelo Moreno, da UFJF, explica que o modelo devolve visibilidade à TV aberta e amplia interatividade, personalização e integração com serviços de internet.

Retomada do protagonismo da TV aberta

Para Guido Lemos, engenheiro e professor da UFPB, a TV 3.0 pode reverter a perda de relevância da TV aberta, atualmente ameaçada pelos serviços de streaming. Os novos aparelhos terão, por padrão, um catálogo de canais abertos na primeira tela, garantindo que a TV aberta recupere espaço perdido para aplicativos de OTT.

Nos últimos anos, quatro em cada dez lares com TV utilizam serviços de streaming, enquanto a TV aberta enfrenta queda de audiência.

Inclusão de conteúdo público e educativo

A TV 3.0 dará destaque às emissoras educativas e públicas, com criação da Plataforma Comum de Comunicação Pública e integração ao Governo Digital. Isso permitirá acesso a serviços públicos diretamente pela TV, mesmo em localidades sem sinal de radiodifusão, via conexão com a internet.

Carlos Neiva, da Astral, destaca que os aplicativos públicos terão conteúdos lineares e sob demanda, com experiência similar a plataformas como YouTube e streaming. Projetos acadêmicos e do setor privado estão em andamento para criar ferramentas e aplicativos específicos para comunicação pública.

Desafios

Os principais desafios incluem custos de migração, licenciamento de tecnologia, aquisição de transmissores e receptores, além da universalização da internet de qualidade. Apenas 22% da população brasileira acima de 10 anos possui conectividade satisfatória, segundo o Cetic.br.

A TV 3.0 surge como uma oportunidade de modernizar a radiodifusão, aumentar a interatividade e reforçar o papel da TV aberta no país.

You may also like

Leave a reply

More in:Brasil