Em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, o rádio ainda pulsa como trilha sonora das manhãs e companheiro das noites quentes do interior. Nesse cenário, uma voz se destacou e ultrapassou a barreira do microfone: André Freitas. Jornalista, locutor, narrador esportivo e compositor, ele se tornou um dos nomes mais respeitados da comunicação fluminense, construindo sua história em meio a ondas sonoras, numa trajetória revolucionária, ousada e emocionante
Legado de Paulo Freitas
Filho do renomado jornalista Paulo da Costa Freitas, figura histórica do jornalismo nacional, André cresceu respirando a atmosfera das redações de jornais e estúdios de rádio e TV desde cedo. Paulo, falecido em 7 de junho de 2019, foi referência em veículos como as rádios Campos Difusora, Continental, Afonsiana, e jornais como A Cidade, A Notícia, O Monitor Campista, Folha da Manhã, Jornal do Brasil, O Globo e O Fluminense. Essa herança fez com que André assumisse o bastão com identidade própria, mantendo viva a chama do ofício com versatilidade e paixão, sobretudo pela carreira secundária no direito por formação acadêmica.
Rádio Absoluta: o palco da voz
Foi na Rádio Absoluta AM 1470 — que ressurgiu em 2007 das cinzas da antiga Rádio Jornal Fluminense — que André consolidou sua presença, após atuar como correspondente da Rádio Campos Difusora na capital fluminense e, posteriormente, assumindo programas como "Comando Geral" e "A Hora da Verdade" que ele ganhou fama e notoriedade no Norte Fluminense.
Contratado para revolucionar a Absoluta, André atuou como diretor, apresentador e narrador esportivo. Por vezes, foi maior do que a própria emissora, até porque era o seu carisma que conquistava os anunciantes.
Com naturalidade, André Freitas conquistou o público regional e, ao mesmo tempo, o respeito da classe política de Campos e do próprio estado do Rio. Sempre manteve diálogo republicano com prefeitos e vereadores, bem como com governadores, vice-governadores, senadores, deputados estaduais e federais.
Deu voz à comunidade, aos menos favorecidos, e também às autoridades, buscando por respostas, cobrando ações e providências. Dedicou-se e expôs-se ao máximo, o que lhe rendeu em contrapartida, atritos e convivência permanente com ameaças em razão de suas posições contundentes. Por conta disso, buscou encontrar paz e equilíbrio no jornalismo e esportivo, dividindo o fardo do enfrentamento político com outros colegas. Assim sendo, passou a cobrir campeonatos estaduais de futebol, como o Cariocão. Igualmente, os torneios nacionais como Brasileirão e Copa do Brasil.
Mas a carreira se consolidou quanto passou a cobrir eventos esportivos internacionais, como a Copa Libertadores da América e a Copa Sul-americana, tal qual as eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. Antes disso, cobriu in loco a Copa do Mundo do Brasil, em 2014, e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
No período em que cobriu a seleção brasileira de futebol, André se deslocou levando o microfone da Absoluta para diversos estádios não só no Brasil como mundo afora. E ousou em adquirir os diretos de transmissão da Copa de 2018, realizada na Rússia. Desse modo, a ousadia de André somente amplificou o alcance da Absoluta, de uma emissora restrita a Campos, mas levada ao mundo pela audácia e espírito empreendedor de quem não se deixou limitar.
O repórter que conhece as ruas
As grandes atuações de André não ficaram restritas aos gramados. Ele é também um repórter investigativo e cronista urbano. Mesmo com tudo o que fez na Absoluta, foi demitido quando adoeceu severamente, descobrindo ter duas doenças raras – aracnoidite e paniculite mesentérica. Nesse meio tempo, estava em A Tribuna, tradicional jornal de Niterói, ocupando o cargo de editor-chefe multimídia. Infelizmente, já adoentado, diz que não conseguiu dedicar o seu melhor ao jornal, de onde afirma ter saído em paz e em dívida.
O quadro severo de dor crônica, insuficiência respiratória, paresias e parestesias constantes, associadas à neuropatia e também à fibromialgia lhe deram força para criar o Folha do Leste, ao lado de sua esposa e companheira, a também jornalista Angélica Carvalho.
Atualmente, dedica-se ao portal Folha do Leste, produzindo matérias que vão de denúncias a crônicas políticas, abordando temas como mobilidade urbana e segurança pública.
Sua cobertura destaca problemas locais, regionais e nacionais com profundidade. Seu jornalismo tem como base o contato próximo com a realidade da cidade, apostando no poder transformador da informação.
Comunicação digital e jornalismo independente
Além da rádio e do portal, André é editor executivo da Brasil 21 Comunicação, empresa que atua como agência e que oferece conteúdo, cobertura de eventos e assessorias em geral para o setor privado e público.
Nas redes sociais, como Facebook (@reporter.andrefreitas) e Instagram (andrefreitas.jornalista), André compartilha os bastidores da profissão, cultura local e esportes, conectando-se diretamente com seus seguidores como cidadão e jornalista engajado.
Raízes, família e legado
Fora do ar, André é um pai amoroso e filho orgulhoso da matriarca Brígida, que muito influenciou seus valores, principalmente a perseverança. Sua carreira é uma homenagem diária ao pai Paulo da Costa Freitas, cujo nome permanece vivo em cada texto, e sua alma se faz presente através da voz de André.
Uma voz que resiste e inspira
Num cenário em constante transformação, em que o jornalismo se reinventa a cada nova plataforma, André Freitas mantém sua essência. Sua voz embala gols, enquanto seu olhar crítico denuncia injustiças. Atualmente, representa a ponte entre o passado nobre da imprensa fluminense e as narrativas que o futuro exige.
André Freitas não é apenas um jornalista. É a voz que traduz a essência da arte da comunicação social que pulsa em seu coração e vibra na intensidade de sua alma.