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Justiça condena Raia Drogasil por racismo contra ex-funcionária

Noemi Ferrari | Reprodução

A Justiça condena a Raia Drogasil por racismo contra a ex-funcionária Noemi Ferrari. O caso veio à tona após viralizar nas redes sociais nesta semana, mas a decisão judicial já havia fixado indenização de R$ 56 mil em março.

O episódio ocorreu em 2018, em São Caetano do Sul. No primeiro dia de trabalho, Noemi foi alvo de ofensas gravadas por uma colega de cargo superior. No vídeo, a agressora ironizou a presença dela e usou falas racistas para apresentá-la aos colegas.

A gravação foi enviada ao grupo interno da farmácia no WhatsApp. Noemi contou que ficou sem reação na hora.

“Fingi que nada aconteceu e fui chorar no banheiro. Eu precisava do emprego”, relembrou.

Mesmo após a agressão, ela seguiu na empresa e chegou a ser promovida em 2020. Porém, em 2022, relatou novos episódios de violência verbal e pressão de um supervisor. A demissão, em fevereiro daquele ano, impulsionou a busca por justiça.

Decisão judicial

A juíza Rosa Fatorelli, da 2ª Região, reconheceu que houve ofensa racista comprovada por vídeo e confissão da autora. A defesa tentou justificar como “brincadeira”, mas o tribunal rejeitou o argumento. A magistrada destacou que o chamado “racismo recreativo” também viola direitos fundamentais.

A corte responsabilizou a Raia Drogasil por omissão e por não garantir ambiente de trabalho adequado. Também ficou comprovado que Noemi cumpria jornadas mais extensas do que as registradas em ponto.

A decisão foi mantida em segunda instância pela juíza Erotilde Minharro. Segundo a sentença, “o racismo recreativo é tão ofensivo quanto qualquer prática discriminatória”.

Reação e recomeço

Após anos de processo, Noemi recebeu a indenização e investiu o valor na compra de um apartamento. Hoje, atua como gestora na área da saúde e afirma que a rede de apoio tem sido essencial.

“Minha família, meus amigos, a igreja e minha psicóloga me ajudaram a superar. Estou bem, graças a Deus”, disse.

Em nota, a Raia Drogasil declarou que lamenta o ocorrido e que adota medidas para garantir ambientes diversos e inclusivos.

O que diz a rede Raia Drogasil

Em nota, a rede Raia Drogasil disse:

“Lamentamos profundamente o episódio que ocorreu em 2018. Reiteramos o compromisso da RD Saúde com o respeito, a diversidade e a inclusão. Nossa empresa não compactua com nenhum tipo de discriminação. Diversidade e respeito são valores primordiais.

Temos investido de forma consistente em desenvolvimento de carreiras e iniciativas de promoção e de equidade racial. Em 2024, encerramos o ano com mais de 34 mil funcionários pretos e pardos e nos orgulhamos de ter atualmente 50% das posições de liderança ocupadas por pessoas negras, resultado direto de programas estruturados de inclusão e valorização. Nosso propósito é continuar investindo em ações concretas para garantir ambientes de trabalho diversos e inclusivos e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária”.

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