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Julgamento do caso de Marielle Franco é retomado

Julgamento do caso de Marielle Franco é retomado

Julgamento do caso de Marielle Franco é retomado | Foto: Gabriel de Paiva

O julgamento dos ex-sargentos da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, marca um momento decisivo na busca pela justiça no caso Marielle Franco. Acusados do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, os réus enfrentam um tribunal no qual a dor e a esperança de uma sociedade clamando por respostas se entrelaçam.

O que se desenrolou ao longo de mais de dez horas de audiência, na quarta-feira (30), evidencia não apenas os horrores do crime, mas também o desejo de transparência e justiça. A sessão, que se estendeu até o final da tarde, foi interrompida e retomada hoje (31), na parte da manhã.

A tragédia ocorreu em 14 de março de 2018, quando Marielle foi atingida por quatro disparos, enquanto Anderson recebeu pelo menos três tiros nas costas. A violência que silenciou vozes importantes na luta pelos direitos humanos ressoa até hoje, e o tribunal se transforma em um espaço onde cada testemunha traz à tona a realidade de uma dor insuportável.

No centro do Tribunal

O 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio de Janeiro tornou-se palco de um confronto emocional. As testemunhas, entre elas a assessora de Marielle, Fernanda Chaves, descreveram a noite fatídica com detalhes que fazem o coração pesar. Fernanda, única sobrevivente do ataque, narrou sua angústia ao perceber a gravidade da situação.

“Marielle não disse absolutamente nada após ser atingida”, recordou, enquanto a imagem de Anderson, lutando contra a dor e perdendo o controle do volante, voltava à sua mente.

Marielle e Fernanda Chaves | Reprodução

A sequência de depoimentos seguiu com a mãe de Marielle, Marinete Silva, que, entre lágrimas, confessou ao tribunal que “tiraram um pedaço de mim”. Suas palavras ecoaram pela sala, trazendo à tona a dor de uma mãe que ainda busca respostas.

Lembranças que marcam

Em uma abordagem emocionada, a viúva de Marielle, Mônica Benício, destacou como sua parceira estava no ápice da felicidade, realizando seus sonhos e lutando por uma sociedade mais justa.

“Ela estava no momento mais feliz da vida dela”, declarou Mônica, transformando a dor em um chamado à ação.

Mônica Benício e Marielle Franco | Reprodução

Já Agatha Arnaus, viúva de Anderson, relembrou a dedicação e os sonhos do marido, traçando um retrato do homem que ele poderia ter sido, se não fosse pela brutalidade do crime.

O testemunho dos réus

Após a série de testemunhos emocionantes, os réus foram ouvidos. Ronnie Lessa, em seu depoimento, fez declarações chocantes. Ele alegou que a motivação para o crime era financeira, prometendo um pagamento de R$ 25 milhões.

“Eu gostaria de pedir perdão às famílias das vítimas”, confessou.

Élcio de Queiroz também falou, relatando sua versão dos eventos. Ele afirmou que não tinha plena consciência da gravidade do que estava acontecendo até o momento do ataque.

“O Ronnie falou: ‘É agora, emparelha’”, recordou, detalhando a cena com frieza.

O futuro da justiça

Após esses depoimentos intensos, a juíza Lúcia Glioche suspendeu a sessão, adiando o veredito que poderá trazer algum alívio a um caso que perdura por anos. O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz não é apenas um processo legal, mas um reflexo das esperanças e anseios de uma sociedade que clama por justiça e pelo fim da impunidade.

Enquanto os cidadãos aguardam ansiosamente pelo resultado da audiência de hoje, a pergunta que permanece é: até onde a justiça será capaz de ir para restaurar a verdade e a dignidade das vítimas?

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