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Joel Santana is on the table: treinador lança biografia no Rio

O escritor Wilson Rossato (esquerda), a assessora de Joel, Adry Santos (centro) e Joel Santana. Foto: Cristina Granato.

Um livro sobre um vitorioso coach do foot ball para se ler on the table e em diversos lugares. Na terça-feira (18), o treinador Joel Santana lançou a biografia “Joel Santana: O Verdadeiro King do Rio” na Livraria da Travessa do Barra Shopping, na Zona Oeste carioca. De autoria do jornalista Wilson Rossato, a obra da editora Tinta Negra conta não apenas a trajetória do treinador, mas narra aspectos pessoais desde a infância daquele que seria o técnico que mais divulgou o Rio de Janeiro pelo Brasil e pelo mundo.

O portal Folha do Leste esteve presente e conversou com alguns do inúmeros profissionais do futebol que estiveram no evento: os preparadores físico Antônio Melo e Ronaldo Torres, o ex-jogador Zé Mário, o presidente do Fluminense Mário Bittencourt, o auxiliar técnico Marcelo Fera, o radialista Valdir Luiz, além dos próprios Joel e Rossato.

O escritor afirma que já tinha a ideia de fazer algo sobre o técnico e resolveu conversar com a assessora de imprensa de Joel, Adry Santos, que também pensava em fazer do assessorado tema de um livro. Rossatto fez o contato com a Adry, que passou a ideia ao treinador. Com a aprovação por parte de Papai Joel, o projeto foi adiante.

Destaque ao profissionalismo

Rossatto afirma que uma das coisas que mais o fascinou foi o nível de profissionalismo de Joel. E faz uma crítica a alguns setores da imprensa que preferem destacar mais o jeito brincalhão ao lado profissional.

“O livro é só uma extensão do que ele sempre foi. Muitas vezes essa imagem de carioca, do jeito bonachão, boa gente e brincalhão, mascara um pouco do profissionalismo dele. Falo porque eu vi esse lado profissional. É uma pessoa que dá retorno rápido, extremamente pontual e é alguém disciplinado. E o livro aborda isso no período em que ele foi técnico, como a cobrança do horário certo e dele ficar de olho no peso dos jogadores”, explica Rossatto.

Inglês de Joel como um capítulo literalmente à parte

Outro tema que não fica de fora da obra é o inglês de Joel Santana. A pronúncia do treinador enquanto técnico da África do Sul em 2009 viralizou pela internet à época. Mas Rossato revela que tal item tornou-se tema de trabalho acadêmicos em algumas faculdades pelo país.

“Existe um material acadêmico vasto sobre a pronúncia do inglês do Joel em muitas faculdades pelo país. Até por isso eu tive a ideia de colocar o ‘King do Rio’. Fala-se muito que ele é o rei do Rio, como de fato é. Então ‘King do Rio’ porque isso o tornou famoso para além das quatro linhas do futebol. E na parte que fala da África do Sul tem um jogador treinado por ele que escreveu o início do capítulo, naturalmente, em inglês. Eu não coloquei tradução porque se todo mundo sabe o idioma, então não foi necessário traduzir esse trecho. É uma pequena provocação aos leitores”, revelou.

Joel Santana e Wilson Rossato se cumprimentam durante o lançamento. Foto: Cristina Granato

Descoberta de rojões na véspera de Fla-Flu descisivo

Até hoje torcedores do Fluminense se recordam com carinho do trabalho de Joel à frente do time em 1995 na conquista do Campeonato Carioca daquele ano. O gol decisivo na vitória por 3 a 2, marcado de barriga por Renato Gaúcho, mas oficialmente dado ao volante Aílton, é motivo de várias piadas 30 anos depois do fato. Mas o que poucos sabem é que o técnico precisou usar uma estratégia na véspera.

Antônio Mello comentou que Joel soube que torcedores do Flamengo iriam soltar rojões em frente a um hotel onde o Fluminense se concentrava no Leme, Zona Sul do Rio. Joel descobriu e colocou um plano em ação.

“Assim que chegamos na concentração, tivemos a informação que a torcida do Flamengo iria montar bombas de rojão em frente ao hotel. O Joel, junto com a direção, tirou o time dali, levou para o Sheraton, em São Conrado, sem ninguém saber. Saímos pelos fundos. Então dormíamos tranquilos enquanto os fogos explodiam no Leme”, conta Antônio aos risos.

Em conversa com a Folha do Leste, Joel confirmou a história e ainda deu mais detalhes.

“Eu recebi essa informação e imediatamente liguei para o então diretor de futebol do Fluminense, o Alcides Antunes, que nos tirou dali. Fomos para São Conrado. Soube que foram muitos os fogos no Leme. No dia seguinte, voltamos de manhã bem cedo para tomar café, fiz a preleção e a caminho do Maracanã a torcida do Fluminense abriu espaço dentro da Avenida Atlântica e nos guiou até o estádio. Foi algo muito bonito.

Seis décadas de história

Joel também explica que o livro reúne “60 anos de história”  e afirma que é uma obra para “todas as idades”. E revela a tristeza em perder o primo que o incentivou a fazer a biografia a menos de dois meses do lançamento.

“Muita coisa que está aqui me emociona. Lembro da minha mãe me pegar pelo braço, eu estava com chinelo de dedo, calção e camisa, e ela me levava para me matricular em escola pública. Tem também o meu primo, o Dinoel Santana, um dos caras que mais me incentivou a fazer o livro, mas, infelizmente, faleceu há um mês e meio. Isso me deixou muito chateado. Mas estou muito orgulhoso de manter o nome da família Santana. Acima de tudo, há uma história muito bonita dentro desse livro”, afirmou Joel.

Confira o que outros nomes ligados ao futebol falaram sobre o lançamento
Antônio Mello, preparador físico

“Joel tem esse lado folclórico, engraçado, mas é um conhecedor profundo de futebol. Sabe muito. Ele é um dos profissionais que tenta resgatar a essência do futebol brasileiro”.

Zé Mário, ex-jogador do Fluminense dos anos 1970

“O Joel vai contar muita coisa importante nesse livro, pois é alguém que jogou até contra o Pelé. Por ele ser carioca da gema, ele tem facilidade em contar histórias. Tem registros muito bons nesta obra”

O preparador físico Antônio Mello e o ex-jogador Zé Mário. Foto: Gabriel Gontijo.

Marcelo Fera, auxiliar técnico do Joel por cinco anos

“O Joel sempre teve uma generosidade muito grande. Alguém que sabe ensinar e eu me sinto um privilegiado de conseguir aprender com ele na prática.

Mário Bittencourt, presidente do Fluminense

“É emocionante estar neste evento. Em 1995, estava na arquibancada e eu vi um ídolo. Anos depois, em 2007, pude conviver com o profissional Joel, pois eu trabalhava como advogado do Fluminense, pois ele era o técnico na ocasião. E também tive a oportunidade de conversar muitas vezes com ele e com o Paulo Angioni, que é amigo do Joel há décadas. É uma excelente figura e a grande quantidade de pessoas aqui presentes mostra o quanto ele é muito querido”.

Ronaldo Torres, preparador físico

“Ele tem um lado afetivo que conquista o jogador. Ele se preocupava muito com a parte mental do atleta que nem relacionado era. E o Joel pegava esses atletas para uma conversa. O mais curioso era quando ele tirava  alguém durante um jogo. Esse jogador ficava chateado, óbvio, mas o Joel esperava uns dois dias, chamava essa pessoa para o centro do campo no treinamento na frente dos companheiros e dizia olhando nos olhos: ‘Tá chateado comigo?’ (risos). Aquilo desarmava o cara. O Joel é isso, uma pessoa sempre muito feliz”

Valdir Luiz, radialista

“Falar de Joel é conversar sobre histórias. Ele é diferente. Tanto que tem muita gente nesse lançamento para pegar um autógrafo do livro. Eu lembro de uma época em que ele era treinador do Botafogo em um período onde eu atuei como assessor de imprensa do clube. Ele pegava muito no pé do Bentinho, um jogador habilidoso, mas que não era objetivo. Um dia, num treinamento, ele perdeu a paciência e falou com o jogador: ‘Bentinho, você tem que ir pra área. Se você não for, vou colocar o teu contracheque lá, pois assim você vai”. Todos que estavam no treino caíram na gargalhada. Esse é o Joel Santana”

 

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