Investimento global em merenda escolar mais que dobra e beneficia 80 milhões de crianças

Investimento global em merenda escolar mais que dobra e beneficia 80 milhões de crianças | Antonio Cruz/Agência Brasil
Um levantamento global divulgado nesta quarta-feira (10) mostra que países de todo o mundo estão aumentando os investimentos em merenda escolar. Entre 2020 e 2024, os recursos passaram de US$ 43 bilhões para US$ 84 bilhões, o equivalente a R$ 232 bilhões e R$ 454 bilhões na cotação atual.
O estudo O Estado da Alimentação Escolar no Mundo, publicado bienalmente pelo WFP, indica que o número de crianças atendidas passou de 386 milhões para 466 milhões, e o número de países com políticas nacionais de alimentação escolar subiu de 56 para 107.
Segundo o relatório, os países de baixa renda tiveram o maior crescimento: a África, por exemplo, adicionou 20 milhões de crianças atendidas, com destaque para Quênia, Madagascar, Etiópia e Ruanda.
Investimento e retorno
“O mais importante é que 99% dos recursos vêm dos próprios orçamentos nacionais. Cada país está entendendo que investir em alimentação escolar gera retorno em educação, saúde e agricultura”, afirmou Daniel Balaban, diretor do WFP no Brasil.
O relatório também aponta que cada US$ 1 investido em merenda gera entre US$ 7 e US$ 35 em benefícios econômicos, além de gerar empregos diretos e indiretos, como em cozinhas escolares, logística e agricultura.
Impacto na aprendizagem
Crianças alimentadas têm melhor desempenho cognitivo, maior habilidade em matemática e melhor alfabetização.
“Muitas vezes, a baixa atenção não é preguiça, é fome. Alimentadas, elas estão mais despertas e conseguem aprender melhor”, acrescenta Balaban.
Programas que compram alimentos de produtores locais ainda promovem dietas saudáveis e fortalecem economias locais e nacionais.

Investimento global em merenda escolar mais que dobra e beneficia 80 milhões de crianças | Sergio Amaral/Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome/Divulgação
Protagonismo brasileiro
O Brasil se destaca mundialmente com o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que atende quase 40 milhões de alunos em 150 mil escolas, totalizando 50 milhões de refeições diárias e um investimento anual de R$ 5,5 bilhões.
Desde 2009, pelo menos 30% dos recursos devem ser comprados diretamente de agricultores familiares, beneficiando a economia local e garantindo alimentos frescos e nutritivos.
O país também participa da Coalizão para a Alimentação Escolar, rede global com mais de 100 governos, e criou o Centro de Excelência contra a Fome, que hoje apoia mais de 80 países em programas de alimentação escolar e proteção social.
O relatório antecede a 2ª Cúpula Mundial da Coalizão de Alimentação Escolar, marcada para os dias 18 e 19 de setembro, no Brasil, maior evento mundial sobre o tema.
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