Nesta quarta-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden apresentaram uma iniciativa global de defesa do trabalho digno. O momento é marcado por greves nos Estados Unidos e uma ótima relação entre o Brasil e a China, rival de Washington. Segundo uma fonte do governo norte-americano, os presidentes compartilham uma “clara afinidade” sobre o tema.
Ambos têm como uma de suas grandes bandeiras a defesa dos direitos trabalhistas e da classe média. Biden, em particular, tem focado nessa questão visando as eleições de 2024. Como ex-metalúrgico e líder sindical, Lula também traz consigo essa pauta. Os dois se reuniram à margem da Assembleia Geral da ONU, sendo esse o segundo encontro desde a posse de Lula em janeiro para seu terceiro mandato.
O governo dos Estados Unidos busca melhorar sua relação com Lula, ciente de que o Brasil tem se aproximado cada vez mais da China. A iniciativa busca promover os direitos dos trabalhadores em todo o mundo, de acordo com outra fonte do governo americano. A intenção é incluir outros países e enfrentar os desafios do mercado de trabalho do século XXI.
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Entre esses desafios estão a luta contra a exploração, incluindo o trabalho forçado e infantil, a economia informal, a discriminação no ambiente de trabalho, especialmente contra mulheres e pessoas LGBTQI+, e a marginalização de grupos raciais e étnicos. Os governos também pretendem estabelecer uma prestação de contas e abordar os investimentos público e privado, a transição para energias limpas e a transformação digital.
O objetivo declarado é alcançar resultados concretos para os trabalhadores nos próximos meses. A funcionária do governo americano ressalta que nada nessa iniciativa desencoraja ou limita o direito à greve, momento em que os Estados Unidos enfrentam paralisações em diversos setores.
Além da defesa dos direitos trabalhistas, Lula e Biden provavelmente discutirão sobre a guerra na Ucrânia. Enquanto Washington lidera a ajuda a Kiev contra as tropas russas, Lula adota uma posição neutra. A fonte do governo americano destaca a importância do Brasil como uma voz global e uma ponte entre os países ricos e as economias em desenvolvimento.
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Lula tem criticado a governança mundial assimétrica, defendendo que a revolução digital e a transição energética não devem ficar apenas nas mãos de algumas economias ricas. A boa relação com a China preocupa Washington, que tem se distanciado do país rival.
A afinidade entre Brasil e China pode ter um efeito positivo para Washington em outro tema que será abordado: a crise no Haiti. O Quênia anunciou sua disposição em liderar uma intervenção policial multinacional para ajudar as forças de segurança haitianas, mas precisa da autorização do Conselho de Segurança da ONU, no qual a China está relutante. A fonte do governo americano destaca a importância do Brasil em compreender a situação no Haiti e envolver outros membros do Conselho de Segurança, incluindo a China.