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Incêndio compromete fantasias do Carnaval 2025 do Império Serrano | Reprodução/TV Globo
O incêndio que atingiu, na quarta-feira (12), uma fábrica de confecção de roupas para o Carnaval em Ramos, na Zona Norte do Rio, ainda tem dado o que falar. O incidente chamou a atenção para a precariedade e a falta de fiscalização na indústria do carnaval.
No mesmo dia em que aconteceu o fato, o deputado estadual Alexandre Knoploch (PL) protocolou um projeto de lei para evitar tragédias do tipo. O parlamentar, que presidiu a CPI dos Incêndios, quer tornar obrigatória a apresentação de um Plano de Execução e Segurança (PES) para itens das Escolas de Samba do Carnaval do Rio de Janeiro. O projeto aborda medidas que vão desde carros alegóricos às fantasias e adereços.
Protocolos de prevenção e termos de responsabilidade
“A implementação do PES contribuirá para a preservação do patrimônio cultural representado pelas escolas de samba, protegerá a integridade física dos profissionais envolvidos na confecção de fantasias e alegorias, e garantirá a continuidade dos desfiles carnavalescos, que são de suma importância para a cultura e a economia do Estado do Rio de Janeiro”, explica Knoploch, no documento.
Especialistas em economia criativa apontam falhas atuais
“Os depoimentos indicam que trabalhadores estavam dormindo na fábrica, passando dias seguidos no local devido ao ritmo acelerado da produção. O Carnaval tem essa especificidade da sazonalidade, e nesses meses que antecedem os desfiles, a produção acontece de forma ininterrupta. Isso levanta questionamentos sobre as condições de trabalho, a regulação do setor e a ausência de fiscalização quanto à jornada e à segurança dessas pessoas”, alerta.
Joana também ressalta que os materiais utilizados nas fantasias e alegorias são altamente inflamáveis, como espuma, plumas e tecidos sintéticos, o que aumenta os riscos de incêndio. Segundo ela, a Cidade do Samba foi construída justamente para oferecer melhores condições às escolas do Grupo Especial, minimizando esse tipo de ocorrência. No entanto, escolas do Grupo Ouro, como algumas das afetadas pelo incêndio, não contam com o mesmo suporte e infraestrutura.
“Há uma disparidade de investimentos entre as escolas, o que se reflete diretamente na segurança e nas condições de trabalho. A falta de fiscalização no setor, que opera de forma semelhante à indústria da moda, amplia os riscos de tragédias como essa”, explica.
Para o professor Marcelo Flores, especialista em gestão de megaeventos pela ESPM, a realização de grandes festividades culturais exige um equilíbrio entre criatividade e responsabilidade.
“O Carnaval movimenta uma extensa cadeia produtiva e precisa ser tratado com a seriedade que um grande evento demanda. A análise de riscos, o planejamento detalhado e o treinamento adequado das equipes são fundamentais para garantir segurança, proteger vidas e preservar essa manifestação cultural tão importante para o país”, destaca.