A inauguração de uma loja de produtos populares e utilidades domésticas em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, reviveu cenas bem semelhantes aos famosos dias de aniversário do Supermercado Guanabara. Centenas de pessoas se concentraram em frente à loja Tubarão Atacadão, na sexta-feira (21), na Rua Felipe Cardoso, em frente a estação Cajueiros do BRT.
A rede não mediu esforços para badalar o evento de inauguração. Contratou influenciadores digitais e anunciou produtos com preço muito abaixo do normal. Por exemplo, vassoura a R$ 2,95; panela de pressão e bola de futebol a R$ 9,95; edredon casal a R$ 19,95; colcha a 29,95.
Ao contrário do ambiente de paz e tranquilidade mostrado pelos influenciadores digitais contratados para promover a loja, o as pessoas comuns se viram diante de um ambiente degradante aos princípios da segurança nas relações de consumo.
Imagens registradas de dentro da loja mostraram o momento em que as portas se abriram, às 10h. Logo em seguida, um mar de pessoas inunda o salão, num vuco-vuco ultrajante à dignidade humana.
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Em meio a desordem e caos, pessoas caíram no chão, com relatos de várias pisoteadas. Em suma, as imagens, registradas em vídeo, no final da reportagem, falam por si. Até mesmo em razão da própria rede ter utilizado parte das mesmas para classificar como “um sucesso” a inauguração da loja, num vídeo institucional publicado em sua rede social.
Consumidores reclamam
Na avaliação da consumidora Liliane Couto, a inauguração realmente foi um sucesso, mas de reclamação
“Carro de som lá fora anunciando produtos q nem lá tinham mais, fila quilométrica que se embolava e faziam as pessoas perderem seu tempo. Logo após a abertura da loja, uma idosa saiu com a perna fraturada, é realmente foi um sucesso”, disse.
Ana Claudia também contesta o sucesso, dizendo que as pessoas foram “feitas de palhaços”.
“Quem esperou na fila educadamente pra entrar na loja quase 2 horas chegou e não tinha mais nenhum dos produtos anunciados”, contou.
Uma outra cliente relatou que a maioria das coisas acabaram ainda no dia da inauguração.
“Estive lá hoje (22/6) pela manhã e muitas das coisas que o povo mais se interessou não tinha, porém tinham outros produtos compatíveis porém fora do valor de promoção, enfim marketing né galera” falou.
Ainda sobre a falta de produtos, uma consumidora disse que isso não aconteceu, pois de acordo com funcionários, apenas haveria a liberação de 100 produtos por dia. Mesmo diante da alta demanda e apelo gerados pela inauguração.
Na opinião de Sandra Oliveira, outra cliente, houve falta de respeito com o consumidor.
“Horrível, desnecessário, e sem o mínimo de respeito com o cliente, poucas variedades para o tanto de gente que foi à frente da loja”, disse.
Nesse sentido, a cliente Gabriela Fernandes endossa o entendimento de constrangimento ao consumidor.
“Uma fila interminável, promoções que não atendem a todos. Isso é uma falta de respeito com a população de Santa Cruz, protestou.
Humilhação
Todavia, a consumidora Juliane Madeira subiu o tom e falou em humilhação e falta de respeito.
“Vocês gostam disso né? Ver o pobre se humilhando, fazem de propósito pra mídia e os colaboradores se matando pra conter um mar de gente, falta de respeito gigantesca”, disse.
Thaís Vieira também classificou o evento como “humilhação”.
“Gente muita gente machucada, passando mal, pessoas sendo pisoteadas uma covardia sem fim”, exclama.
Contraponto
Em contrapartida, houve quem atribuísse o tumulto à falta de educação das pessoas, elogiando a loja e até mesmo a inauguração. Caso da cliente Luh Moreno:
“Eles fizeram as mesmas promoções de sempre. Toda abertura é assim. A culpa não é deles que muita gente foi mal educado e invadiu”, comentou.
Júlia Lino também manifestou opinião favorável à inauguração:
“Uma bagunça, o povo não tem educação nenhuma, a loja até fez uma inauguração legal, porém o povo não tem educação”.