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Hospital Icaraí: filho de idosa indignado com atendimento

O relato feito por Alex Figueiredo, ao portal FOLHA DO LESTE, narra o atendimento inadequado recebido por sua mãe no Hospital Icaraí, em Niterói. Segundo Alex, na terça-feira, dia 5 de setembro, Dona Cleuza Maria Faria de Figueiredo, de 84 anos, portadora de Doença de Alzheimer, teve de esperar cerca de 1h20min para que a mãe recebesse atendimento na emergência do hospital. O quadro avançado da doença já comprometeu a fala de Dona Cleuza.

O filho da paciente afirma que os problemas começaram logo ao chegar à unidade hospitalar. De acordo com Alex, o serviço automatizado de senhas não oferece a opção de atendimento prioritário para idosos. Ele reclamou da ausência de enfermeiros para o acolhimento de pacientes logo na chegada ao hospital.

“Lá (no Hospital Icaraí), você tira senha por conta própria, não tem o botão para senha preferencial. Só tem a senha pra ortopedia ou clínico geral. A máquina deles já não tem o preferencial para a terceira idade. E uma pessoa, que parece ter um treinamento deficitário, ‘parece que faz essa questão de escolha’. Tanto que quando eu perdi a paciência, já com uma hora e vinte que eu entrei na sala, o enfermeiro ‘ou técnico de enfermagem que me atendeu’, me viu e tomou um susto ao ver que ela não tinha sido atendida ainda”, contou.

Falta de prioridade

Além disso, ele relata que vários pacientes com menor idade foram atendidos antes de sua mãe, desrespeitando o direito de atendimento prioritário.

“Eu fiquei tão p… que perguntei: a eutanásia vai ser aqui ou lá dentro”, bradou.

Uma outra queixa de Alex trata da ausência tanto de oferta bem como do uso de máscaras no interior da instituição. Ele afirma que isso ocorre na emergência e, ainda, nos andares destinados à internação. Diz, também, que sequer os profissionais de atendimento, serviços ou enfermagem fazem uso do equipamento, e que em momento algum, o hospital ofereceu máscaras de proteção aos pacientes. Por fim, disse que teve de pedir as máscaras e que, mesmo assim, nenhum funcionário ou paciente estava usando o equipamento de proteção individual.

“Eu questionei, aí a moça abriu a gaveta e me ofereceu máscaras, na emergência. Mas eles não ofereceram em momento algum. Na emergência, tinham pessoas tossindo e ninguém se movimentou para oferecer máscaras para essas pessoas. Então, é um ponto de inércia quanto a questões potenciais epidemiológicas”, reclamou.

Por fim, o filho da paciente afirma que a urgência do quadro de saúde da mãe ficou comprovada. Isso porque ela precisou ser internada no Hospital Icaraí. E lá permanece, pelo menos até o horário de publicação desta reportagem.

O relato do filho da paciente é corroborado por outros relatos de pacientes que tiveram experiências negativas com o atendimento na emergência do Hospital Icaraí. A demora para atendimentos é uma das principais queixas relacionadas à instituição.

Atendimento prioritário: direito

Damiane Arruda, advogada

 

De acordo com a Drª Damiane Arruda, especialista em direito constitucional, os hospitais devem garantir o direito ao atendimento prioritário aos idosos também no âmbito da saúde.

“Nesta linha temos uma vasta legislação No Brasil, os instrumentos legais relacionados com o direito ao atendimento prioritário à pessoa idosa são: a Lei 8.842/94, sobre Política Nacional do Idoso; a Lei 10.048/00 que dá prioridade de atendimento às pessoas em específico, e a Lei 10.741/03 que dispõe sobre o Estatuto do Idoso. Em muitos casos, não é isto que acontece na prática, pois nos hospitais também é usado o protocolo de Manchester que classifica os pacientes por meio de uma tabela de cores, em que cada cor representa o nível de gravidade dos sintomas. Por isso não há como definir o atendimento num determinado hospital nos dias atuais, já que muitas vezes há combinação das pessoas englobadas no grupo prioritário e as pessoas que apresentam gravidade em seu quadro de saúde. O mais adequado é acompanhar junto a recepção/administração do hospital a sequencia do atendimento e se a ordem dos atendimentos está sendo seguido.

Hospital Icaraí: contraditório

O FOLHA DO LESTE entrou em contato com o Hospital Icaraí para obter um posicionamento sobre os relatos de Alex. A instituição respondeu enviou respostas acerca dos fatos abordados na reportagem.

Tempo de espera e triagem

Utilizamos em nosso hospital o Sistema de Triagem de Manchester, desenvolvido em 1996 na cidade de Manchester, e teve o seu uso iniciado no Brasil em 2008, hoje sendo
globalmente utilizado. Seu objetivo é identificar e classificar por cores (Vermelho, Amarelo e verde) rapidamente o doente em situação de maior gravidade dos que podem esperar com
segurança o atendimento médico. Além disso, determina o local  mais adequado para atendimento conforme risco, assim como
contribui com informações que ajudam a definir a complexidade do atendimento, tornando-o mais dinâmico.”

Protocolo Manchester

 

No protocolo Manchester o vermelho indica casos com nível máximo de urgência, devendo o atendimento ser realizado de forma imediata. O amarelo, os casos que apresentam gravidade
moderada e o tempo de espera admitido pelo protocolo é de até 30 minutos. Já o verde é responsável por indicar os casos de menor gravidade, que não exigem um atendimento urgente e podem esperar por um tempo maior e o tempo de espera desses pacientes pode ser de, no máximo, duas horas”, informa o Hospital Icaraí.

Sobre o atendimento de pessoas idosas

O idoso, o deficiente físico, a gestante e a lactante também são atendidos respeitando a urgência de cada caso. O Hospital Icaraí respeita o estatuto da Pessoa Idosa, descrito na Lei 10.741/2003,
que garante, entre outros benefícios, o acesso, a proteção e a prioridade em diversos serviços para pessoas maiores de 60 anos e a Lei n.º 13.466/2017, que inclui a garantia de prioridade
máxima aos cidadãos com mais de 80 anos em relação aos demais idosos, a chamada “Prioridade Especial”, que é um benefício garantido pela legislação vigente.

Quanto à paciente

A idosa em questão, após passar pela triagem, recebeu classificação verde, que segundo o protocolo de Manchester, mas, dentro da sua classificação de cores pela idade, foi prontamente priorizada, diz a instituição.

Uso de máscaras

A Anvisa atualizou em 02 de maio de 2023, a Nota Técnica GVIMS/GGTES/Anvisa 04/2020, que estabelece orientações para os serviços de saúde sobre medidas de prevenção e controle da
Covid-19 durante a assistência aos casos confirmados ou suspeitos da doença”, pondera o Hospital Icaraí.

Revisão da Nota Técnica

É importante destacar que para essa revisão da Nota Técnica foi realizada uma intensa discussão sobre a continuidade da recomendação de uso de máscaras faciais por todos dentro dos serviços de saúde. Considerando as discussões, o momento epidemiológico atual da covid-19 no país e a disponibilidade vacinas que oferecem proteção contra a variante Ômicron para grupos de risco, a Anvisa define que não é mais necessária a
recomendação do uso universal de máscaras faciais dentro dos serviços de saúde”, alegam

Ainda de acordo com o Hospital Icaraí, ainda no que se refere ao uso de máscaras, o que existe é a recomendação nacional reservada às seguintes situações e perfis de pessoas dentro do serviço de saúde:

• Pacientes com sintomas respiratórios ou positivos para covid-19
e seus acompanhantes;
• Pacientes que tiveram contato próximo com caso confirmado
de covid-19, durante o seu período de transmissibilidade, nos
últimos 10 dias;
• Profissionais que estão na triagem de pacientes, pois entrarão
em contato com pacientes que ainda não possuem uma definição
de suspeita diagnóstica;
• Profissionais do serviço de saúde, visitantes, acompanhantes,
etc., em áreas de internação de pacientes.

Por fim, a nota emitida pelo Hospital Icaraí diz que sua equipe está “empenhada em proporcionar à população um atendimento seguro e de qualidade, além de buscar sempre os melhores fluxos, a fim de que os pacientes sejam rapidamente assistidos e tenham sua saúde restabelecida”.

Reiteramos o nosso compromisso em seguir todos os protocolos recomendados pelo Ministério da Saúde e pela Vigilância Sanitária, zelando pelo bem-estar da população e de quem necessita dos nossos serviços. O objetivo é fazer cumprir os valores e a missão do Hospital Icaraí: salvar e preservar vidas”, finalizam.

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