
Execução ao vivo de morador de rua aconteceria neste Domingo de Páscoa ao passo que vítima já estava em poder do bando | Reprodução
Em pleno domingo de Páscoa, enquanto milhões celebravam a ressurreição da vida, três jovens preparavam a execução de um morador de rua para exibição ao vivo. Esse teatro de fatos reais macabro aconteceria na plataforma Discord – um aplicativo de comunicação formado por diversas comunidades. Motivados por ódio e dinheiro, tinham como vítima alguém invisível para o Estado, assim como para parte da sociedade. Igualmente, para a parcela da elite que esses jovens supostamente representam.
Caio Nicholas Augusto Coelho, Kayke Sant Anna Franco e Bruce Vaz de Oliveira foram presos antes de concluírem o plano. Não pense que eles se tratam de meninos perdidos, carentes ou esquecidos pelo sistema. Tinham acesso à tecnologia, educação, e provavelmente, a tudo que a meritocracia tanto prega. Ainda assim, escolheram fazer do ódio sua forma de entretenimento. Optaram matar — por diversão, por “conteúdo”, por curtidas e views.
Jovens queriam comemorar aniversário de Adolf Hitler
Segundo a Polícia Civil, o crime teria transmissão ao vivo. Eles já haviam capturado o homem em situação de rua. A conclusão da execução estava marcada para as 15h, em “comemoração” ao aniversário de Adolf Hitler, o símbolo máximo da barbárie do século XX. Mas essa história não se passa na Alemanha nazista. É no Rio de Janeiro, século XXI. Aqui, os filhos da classe média decidem brincar de nazismo, racismo, misoginia e supremacia digital.
“Hoje evitamos a morte de um morador de rua que estava sendo preparado para as 15h de hoje, em comemoração ao aniversário de Hitler (…) Cuidem dos seus filhos, observem seus filhos. Vejo o que eles estão fazendo na internet. Esse é o tipo de crime em que o inimigo está dentro de casa interagindo com seus filhos. Quando você der conta, será tarde demais”, alertou o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi.
As investigações revelaram um servidor no Discord usado exclusivamente para esse tipo de conteúdo doentio: tortura animal, indução à automutilação, estupro virtual, racismo e misoginia.
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No centro disso tudo, Bruce Vaz — um dos presos — que, ironicamente, se apresentava nas redes como ativista ambiental. Participava até de eventos internacionais. O lobo, definitivamente, não se esconde mais na pele de cordeiro, mas exibe-se.
“O Bruce era o responsável por essa página, pelo servidor no Discord. Ele tinha ciência de quem acessava o perfil e participava das chamadas de vídeo, até porque os links de acesso eram passados para pessoas indicadas. Além do homem em situação de rua, também planejavam matar um coelho”, revelou a delegada Maria Luiza Harmínio Machado, da 19ª DP (Tijuca).
O cumprimento dos mandados aconteceu nos bairros de Vicente de Carvalho e Bangu. As prisões resultam do trabalho da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), da 19ª DP e da Subsecretaria de Inteligência (Ssinte).
Crime não está somente nas favelas
O caso escancara verdades que a sociedade finge não ver: o ódio não nasce na apenas favela. Ele também germina nos quartos climatizados, nas telas dos smartphones e, principalmente, nas bolhas digitais onde a empatia não entra. Desse modo, explode em ações como essa, cruéis, planejadas, e perfeitamente alinhadas com ideologias nefastas.
A Polícia Civil reforça o alerta: o inimigo está online, falando com seus filhos. Sem supervisão, a internet vira campo de cultivo para psicopatas disfarçados de “jovens promissores”.
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