Intérprete Gilsinho, voz da Portela, morre aos 55 anos

Gilsinho na avenida: intérprete oficial da Portela morre aos 55 anos, por complicações após uma cirurgia bariátrica | Portela/Divulgação
Esta terça-feira, 30 de setembro, registrou a última marcação do coração do intérprete da Portela, Gilsinho, no compasso da vida. Caso consultado para saber se andou errado, de que importaria, pois corações tem mania de amor e estes, não são fáceis de achar. Há aqueles que ocorrem à primeira vista, quando alguém acha que jamais viu coisa mais bela, assim como Gilsinho e a azul e branco de Madureira.
Batizado como Gilson da Conceição, o músico, filho do baluarte Jorge do Violão, da Velha Guarda da Portela, por tantas vezes cantou em honra divino manto, tal qual o da da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.
Voz de tantas procissões do samba, abençoando a festa do divino carnaval, agora, em reza ou ritual, Gilsinho voa com a águia altaneira, com o Espírito Santo para lhe guiar e iluminar na eternidade.
A despedida
A Portela confirmou a morte do intérprete nesta terça-feira. Gilsinho tinha 55 anos e estava internado no Hospital Cardoso Fontes, na Freguesia, após passar por cirurgia bariátrica. O procedimento o afastou da final do samba-enredo de 2026, realizada na última sexta-feira. Apesar da expectativa de recuperação, o quadro se agravou.
A escola decretou três dias de luto e, em nota, agradeceu ao cantor pela entrega ao pavilhão.
“Obrigada, Gilsinho! Por tudo! Por tanto! A Portela JAMAIS te esquecerá!”, publicou a agremiação em suas redes sociais.
Voz de títulos e memórias
Foi Gilsinho quem puxou o samba do título de 2017, quebrando o jejum de 33 anos da escola. Antes, já havia sido a voz oficial entre 2006 e 2012, quando eternizou versos como “Madureira sobe o Pelô”, de 2012. Ao longo da carreira, conquistou três Estandartes de Ouro de melhor intérprete (2012, 2019 e 2022).
Seu canto uniu gerações e atravessou fronteiras. Além da Portela, emprestou voz à Unidos de Vila Isabel, em São Paulo desfilou pela Tom Maior, Vai-Vai e Unidos de Vila Maria.
Repercussão
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), Gabriel David, classificou a perda como “inacreditável”.
“Obrigado por tudo que fez pelo samba. Sua trajetória está marcada na história, descanse em paz, querido artista”, escreveu.
O samba não morre
No fim, Gilsinho deixa mais do que prêmios e carnavais, mas um legado rico como a nascente de um rio que passa na vida de todos nós, feito canto que corre, mas jamais seca.
Por isso, entre fé, poesia e batuque, o samba que viveu através de Gilsinho não pode morrer jamais. Então, desejamos que seu anel de bamba entreguem quem mereça usar. Por fim, que o sambista mais novo o mantenha vivo na memória.



























