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Fortes chuvas fazem São Gonçalo recordar de tragédia

Fortes chuvas fazem São Gonçalo recordar de tragédia

Família inteira morreu em 2023 – Foto: Divulgação/CBMERJ

As fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Rio de Janeiro, no último final de semana, fizeram a cidade de São Gonçalo recordar de uma tragédia que abalou o município. Em 13 de fevereiro de 2023, exatos 11 meses atrás, uma família inteira morreu soterrada, no bairro do Engenho Pequeno.

Rosilene Pereira Santiago, de 34 anos; lan Santiago Cabral, de 45 anos, e Maitê Santiago Pereira, de 4 anos, moravam na Rua Adelino Ferreira Brasil. A casa da família foi atingida por uma encosta, durante uma tempestade, e não resistiu. Além disso, em outro desabamento no mesmo bairro, uma mulher foi encontrada morta, na Rua Antônio Félix da Silva.

Fortes chuvas fazem São Gonçalo recordar de tragédia

Família inteira morreu em 2023 – Foto: Divulgação/CBMERJ

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), cerca de 60 militares, com apoio de cães farejadores e drones, atuaram nas buscas pela família Santiago. Os trabalhos duraram cerca de 40 horas. na ocasião, o porta-voz do CBMERJ, major Fábio Contreiras, explicou sobre as dificuldades encontradas durante a procura pelas vítimas.

“A gente está colocando alguns esforços onde os nossos cães estão indicando, porque geralmente eles têm faro muito melhor e conseguem indicar os locais possíveis de vítimas. Isso acelera muito o trabalho, mas tem muita lama, muita terra, muito material que precisa ser retirado, o que está sendo feito pelos nossos militares com maquinário”, informou.

43 famílias removidas

Horas após o desabamento, a Prefeitura de São Gonçalo determinou a retirada provisória de 43 famílias que moram no bairro do Engenho Pequeno, na área próxima ao local onde houve o deslizamento de encosta. Segundo levantamento do município, as chuvas atingiram 200 milímetros em pouco mais de uma hora, naquele dia.

Fortes chuvas fazem São Gonçalo recordar de tragédia

No último final de semana, São Gonçalo registrou alagamentos, mas sem mortes – Foto: Divulgação/Prefeitura de São Gonçalo

A reportagem do FOLHA DO LESTE conversou, nesta segunda-feira (15), com moradores do Engenho Pequeno e perguntou como estava a situação pouco menos de um ano após a tragédia. Uma mulher, que preferiu não ter a identidade revelada, disse que a localidade resistiu bem às chuvas do último final de semana, mas o temor por novas tragédias ainda paira sobre o bairro.

“Ficou tudo bem. [As autoridades] disseram que iriam fazer muitas coisas, mas só recuperaram as ruas. Escutei algumas pessoas falando sobre reflorestamento, mas não vi acontecer”, disse.

Balanço

Ainda que as fortes chuvas do último final de semana tenham trazido á tona memórias sobre a tragédia de 2023, o saldo foi menos letal. Não houve registro de mortes e o ponto de apoio no Complexo do Salgueiro atendeu 25 pessoas desabrigadas. O bairro, juntamente com o Jardim Catarina, Gradim e Sete Pontes foram os mais afetados.

Aprendizado

A cidade de Niterói ainda convive com o trauma do desabamento do Morro do Bumba, em 2010, que deixou mais de 260 pessoas mortas. Para evitar a repetição de casos como este e o do Engenho Pequeno, em 2023, o governo municipal realizou, ao longo do ano passado, diversas obras de contenção de encostas.

Desse modo, mesmo com a cidade registrando o maior acumulado de chuvas de sua história, na noite de sábado (13), não houve vítimas e ocorrências graves. Somente em 2023, a Prefeitura de Niterói investiu R$ 236 milhões nas obras de contenção de encostas.

Fortes chuvas fazem São Gonçalo recordar de tragédia

Em 2023, Niterói teve várias obras de contenção de encostas – Foto: Divulgação/Prefeitura de Niterói

No ano passado, foram mais de 80 obras de contenção de encostas. Destas, 44 já estão concluídas em 21 bairros. Foram beneficiados moradores de comunidades no Morro do Céu, Morro Boa Vista, Caixa D’Água, Grota do Surucucu, Martins Torres, Morro do MIC, Cavalão e Morro do Bumba, entre outras. Além dessas regiões, bairros como Jurujuba, Santa Rosa, Fátima, Caramujo, Cantagalo, Cafubá e Itacoatiara também foram contemplados com obras de contenção.

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A Defesa Civil da Prefeitura de Niterói foi acionada, até a tarde de domingo (14), para 14 ocorrências de deslizamentos. Não há registro de mortes nem de feridos graves. No momento, há 21 pessoas desabrigadas e 43 desalojadas. Todas estão sendo atendidas por equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social.

Houve deslizamentos de encosta e de desabamento de casas nas regiões do Boa Vista, Bonfim, Cavalão, São Francisco e Morro da Penha. Desde a noite de sábado foram acionadas oito sirenes: as do Morro do Estado, Morro da Penha, Boa Vista, Jurujuba, Cavalão, Preventório, Travessa Beltrão e Morro do Palácio. Moradores dessas áreas foram orientados a se deslocarem para pontos de apoio com ajuda de voluntários e lideranças dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudecs).

A reportagem procurou a Prefeitura de São Gonçalo e perguntou quais medidas foram tomadas em relação às 43 famílias removidas do Engenho Pequeno, no ano passado, bem como que obras o Poder Executivo realizou na localidade e em outros pontos a fim de evitar novas tragédias. Todavia, o governo municipal não se manifestou, até o fechamento deste texto.

 

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