
Foto: Mauro Pimentel – AFP
Como estou sem prestígio com a chefia, não fui escalado para a cobertura in loco da primeira convocação de Fernando Diniz para a seleção brasileira. Pensando bem, foi bom. Depois da matéria que escrevi quando ele, Diniz, foi especulado (e confirmado) como treinador tampão – ainda não leu? Dá uma olhada nos arquivos sobre “Neymar como lateral esquerdo” – provavelmente eu iria arrumar confusão.
Se me deixassem perguntar alguma coisa (nem todo mundo consegue), iria na canela: “Diniz, se você soubesse que iria continuar no cargo até a Copa de 2026, os nomes seriam os mesmos? Sinceridade?” E, a partir daí, viriam aquelas intermináveis justificativas vazias, explicações inexplicáveis e o desejo, de todos os colegas presentes, de me esganar por ter acabado com a paciência e a simpatia do treinador.
Falando sério…
Seriam realmente estes nomes se Diniz soubesse que seu contrato não termina (em tese) daqui a um ano, quando chegará Ancelotti? Apostam? Para começar, ele certamente não estaria acumulando a função de treinador da seleção brasileira com a de técnico do Fluminense. Seria “exclusivo”, daria “expediente integral” na CBF. E não precisaria ficar preocupado em chamar dois ou três dos adversários de seu time e ser acusado de querer desfalcar um rival.
Talvez por isso Diniz sacrificou justamente o seu Fluminense com duas convocações. Eu talvez colocasse o Samuel Xavier na lista (ao contrário da matéria que saiu aqui na Folha do Leste, não acharia injusta essa convocação). Também chamaria o Adryelson, do Botafogo. O goleiro não. Bento está merecendo esta chance há mais tempo – e o vacilo do jogo contra o Internacional ainda está na retina de todos nós.
Temos dois jogadores que atuam (ou estão em vias de) na Arábia Saudita. Ibañez, que já jogou; e Neymar, que vai estrear assim que parar de contar os trocados ganhos desde a hora em que seu nome foi anunciado – coisa de uns R$ 5 milhões, sei lá. E é justamente Neymar que provocaria minha pergunta. Mesmo sabendo que Diniz o considera um fora de série, um talento extraterrestre, pergunto: “Vai jogar à vera? Quer voltar a ser um diferencial?”
“Leia mais notícias de Vicente Dattoli aqui”
O mais triste é que, no período dos jogos das eliminatórias, na fatídica data Fifa, não teremos Brasileiro. Assim, ninguém vai poder se aproveitar, de imediato, dos desfalques no Fluminense, no Athletico Paranaense e no Palmeiras. No retorno do Peru (segundo jogo), talvez alguém chegue mais cansado e não possa jogar, mas aí já não é problema da CBF, nem de Fernando Diniz. Pediram para parar, vai parar.
A lista não trouxe grandes novidades. Nem maiores esperanças. Como para ficar de fora da Copa, agora, jogando na América do Sul, é necessário quase que um pedido formal, registrado em cartório, tantas são as vagas da Conmebol, repito a pergunta que não pude fazer: “Diniz, se você fosse continuar no cargo até a Copa de 2026, seriam estes os jogadores com quem você iniciaria seu trabalho?”