
Foto: Arquivo Pessoal
Fausto Silva, o nosso icônico Faustão, apresentador de TV e comunicador, está internado desde o início do mês de agosto, com complicações no coração.
Seu quadro de saúde requer atenção e ele entrou para a lista de espera nacional, onde aguarda um transplante. Sua posição é a 387.
Para tirar nossas dúvidas e falar sobre isso, convidamos o Dr Heron Rached, que irá responder algumas perguntas.
1- Como funciona a cirurgia de transplante de coração?
São várias etapas de um processo, que se inicia pela seleção do paciente que irá receber o novo órgão. O paciente passará por uma avaliação detalhada multidisciplinar a fim de afastar algumas doenças associadas que poderiam comprometer o sucesso do procedimento, dentre elas as neoplasias, infecções sistêmicas e doenças demenciais.
Existem, ainda, escores que avaliam o prognóstico. Em seguida o paciente passará por avaliações com teste cardiopulmonar e cateterismo cardíaco para avaliar a pressão no território pulmonar.
Por fim, será submetido a avaliação imunológica com o objetivo de identificar o perfil do melhor doador. Se for eleito para o transplante cardíaco o paciente entrará numa fila de espera que priorizará a ordem de chegada, a gravidade de cada caso e a compatibilidade com o coração do doador.
Do ponto de vista técnico a retirada do coração do receptor só acontecerá com o novo órgão do doador já em sala de cirurgia. As veias e artérias serão desconectadas do coração do receptor e, nesse local, haverá a conexão do novo coração. Do ponto de vista técnico é mais simples do que algumas outras que nos deparamos no dia a dia.
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2- Quais são os riscos dessa cirurgia?
Toda cirurgia tem o seu risco inerente, mas quando falamos em transplante de coração as infecções, disfunção do órgão transplantado, disfunção de outros órgãos (rins) e rejeição ainda configura as maiores preocupações
3- No caso de Faustão, o tempo na fila de espera para o transplante pode ser um problema?
Não só para ele como também para qualquer paciente em fila de transplante. A gravidade do caso pode levar qualquer candidato a ser prioritário.
4- E quanto ao pós operatório, como fica a rotina de alguém que recebeu um transplante?
Todo paciente transplantado, em geral, faz um ressignificado da vida onde a prioridade passa a ser ele próprio. Estilo de vida, dieta e medicamentos serão cuidados mandatórios até o fim da vida. Entretanto, é bom ressaltar que o paciente transplantado, quando adequadamente recuperado, poderá levar uma vida próxima ao normal.
5- Quais são as indicações para a realização do transplante de coração?
O transplante é a última opção no tratamento da insuficiência cardíaca (falência do coração), quando as alternativas medicamentosas e mecânicas falharam.
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6- Quando é necessário fazê-lo?
Quando o uso de medicamentos e outras medidas já foram aplicadas e, mesmo assim, o paciente continua com os sintomas de cansaço, inchaço no corpo, fraqueza e, por vezes, confusão mental.
7- Quanto tempo costuma demorar para conseguir um transplante de coração?
Isso dependerá de vários fatores, mas, a carência de doadores retarda bastante o ritmo da fila de espera. Não existe um tempo exato para podermos estimar quando o transplante irá acontecer. A ordem de entrada na fila de transplante e a gravidade individualizada do caso são o que podem priorizar o procedimento.
8- Como a situação é controlada pelos médicos até a cirurgia?
Com o uso de medicamentos orais e injetáveis e, por vezes, a assistência mecânica com o uso de aparelhos se faz necessária.
9- Quanto tempo um coração pode ficar parado para transplante?
O ideal é transplantar o mais breve possível depois de retirado o coração do doador, mas, o tempo de espera é de no máximo 6 horas.
10- Quanto tempo dura a cirurgia?
Uma equipe experiente leva de 3 a 4 horas para realizar o procedimento.
11- Quais são os cuidados pós-operatórios?
Uma das maiores preocupações da equipe é com a rejeição hiper aguda no pós operatório, como também as infecções
12- Quanto tempo leva para o paciente se recuperar totalmente?
Isso poderá variar em cada indivíduo, mas, em geral, espera-se que ao final de 24 horas o paciente já possa respirar sem auxílio dos aparelhos.
13- Já teve caso de paciente que recebeu um coração de porco geneticamente alterado para realizar o transplante. Como é feito e como deu certo? Isso é pensado pelos médicos?
Sim. Em 2022 nos Estados Unidos. Essa técnica poderá ter um potencial no futuro mas ainda é cedo para falarmos sobre ela
Muito obrigada pelos esclarecimentos!

Foto: Arquivo Pessoal Heron Rached é médico doutor em cardiologia.
Realizou residência médica em Cardiologia Clínica pela Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência (1995), especialização em Ecocardiografia pela USP e em Ressonância Magnética Cardiovascular pela HCFMUSP. Estágio em ecocardiografia pela Univertisty of Alabama at Birmingham (EUA).
Possui doutorado em ciências médicas pela Universidade de São Paulo.
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