“Se há racismo, o jogo tem que parar! Basta!”. Essas palavras são do presidente da Fifa, Gianni Infantino, durante visita à delegação brasileira na quinta-feira(15). Neste sábado, o que se viu, foi o jogo – que era pra ser contra o racismo – continuar, mesmo após um episódio ocorrido dentro do estádio.

Presidente da FIFA, Gianni Infantino, é recebido por Ednaldo Rodrigues na entrada do hotel em Barcelona. Créditos: Joilson Marconne / CBF
Um ato de racismo inaceitável aconteceu neste sábado (17) durante o jogo amistoso entre a Seleção Brasileira e Guiné. O assessor do atacante Vinícius Júnior, Felipe Silveira, denunciou ter sido vítima de racismo por um segurança do estádio RCDE, que, durante a revista de entrada, teria tirado uma banana do bolso e mostrado para ele, dizendo: “mãos para cima que esta aqui é a minha pistola”.
Felipe, negro, afirmou ter denunciado o caso, mas acabou surpreendido quando o staff do estádio se voltou contra ele e os demais membros da equipe. Ele também declarou que abriria uma ocorrência na polícia após o jogo e que pediria as imagens das câmeras de segurança do local.
Racismo cultural
Infelizmente, esse tipo de violência não é novidade na Espanha, onde Vinícius Júnior já foi alvo de diversos casos de racismo. Mesmo após a comoção gerada por esses episódios, ainda há quem insista em praticar atos racistas. Como esse canalha, que eu gostaria muito de chamar de filho da puta por presunção, pois isso deve vir de berço
Essa situação é ainda mais grave quando lembramos que muitos de nós, negros e pardos, ainda sofremos com a dúvida sobre nossa etnia e com a tentativa de nos inferiorizar por causa de características físicas.
Precisamos lembrar de nossos antepassados, escravizados e torturados por pessoas brancas, e que isso lhes tira o lugar de fala em questões raciais. As pessoas brancas não diminuídas nem impedidas de nada por questões raciais, porém o racismo faz com que muitos de nós ainda enfrentemos julgamentos equivocados e juízos de valores descabidos. Bem como a desigualdade em diversos níveis com pessoas brancas.
Neste contexto, a Seleção Brasileira entrou em campo toda de preto, como um símbolo de luta contra o racismo. Ficou só no símbolo, Porque a luta, pelo visto, será longa. Na Espanha, bem provável que eterna. Esperamos que essa mensagem chegue a, pelo menos, algumas pessoas. E que episódios como o de hoje não se repitam nunca mais. O combate ao racismo requer, como vemos, o combate constante e a condenação permanente daqueles que possuem valores positivos.