Entidades de imprensa repudiam violência contra jornalistas na Câmara Federal
Por André Freitas, da REDAÇÃO, em 11/12/2025 às 11h30

Entidades de imprensa repudiam violência contra jornalistas na Câmara Federal
A Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) repudiaram, de forma dura, a expulsão de profissionais da imprensa do Plenário da Câmara Federal, assim como a interrupção abrupta da transmissão da TV Câmara. Estes episódios, ocorridos na terça-feira (9), são merecedores ainda de nossa repugnância, pois derruba qualquer aparência de normalidade institucional no país. Sobretudo, pelo que se tornou tal Casa Legislativa, cada vez mais distante de suas funções democráticas.
As medidas de exceção ao estado democrático tiveram autor intelectual: o presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB). O mesmo frouxo que consentiu a ocupação de sua cadeira e mesa por deputados bolsonaristas para chantageá-l0. Mas que teve coragem de mandar sua polícia desocupá-la de um deputado de esquerda que lutava para não perder seu mandato.
Diversos relatos colhidos por sindicatos e repórteres apontam agressões físicas, empurrões e tentativas de impedir gravações. O episódio ocorreu minutos depois de o deputado Glauber Braga assumir a cadeira da presidência como protesto contra a votação iminente de sua cassação, que acabou não ocorrendo.
Uma medida incoerente, pois a Casa manobrava para aprovar — como aprovou — um projeto em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros condenados pela tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023. Em suma, um ambiente já saturado de tensão e expectativa de noticiar ao país o que se passava.
A resposta institucional veio como um rojão: expulsão coletiva, blindagem da votação e um silêncio forçado imposto ao país. Jornalistas, fotógrafos, cinegrafistas e assessores de imprensa violentamente empurrados para fora do Plenário por agentes da Polícia Legislativa. Ao mesmo tempo, desligaram o sinal da emissora pública responsável por transmitir os atos internos do Parlamento.
O deputado que denunciou o orçamento secreto
Glauber Braga afirma ter se tornado alvo de retaliação desde que denunciou o orçamento secreto tal qual a articulação que envolveu o ex-presidente da Câmara Arthur Lira. Sua cassação, aprovada na Comissão de Ética após um episódio de hostilidade com um militante de extrema direita, tornou-se arma política para disciplinar dissidências internas. A sessão de terça-feira expôs o ápice dessa escalada.
Mais uma página infeliz da nossa história
As entidades representativas dos jornalistas classificam o episódio como “gravíssimo”. Para elas, a retirada forçada da imprensa representa um cerco direto ao direito constitucional de informação e um ataque frontal ao exercício da profissão. A violência atinge não apenas os trabalhadores da comunicação, mas a própria sociedade. Acima de tudo, pelo impedimento de acompanhar, ao vivo, decisões que impactam o futuro democrático do país. Em outras palavras, a nosso ver, grave violação, ainda, ao princípio da transparência.
As organizações, com razão, cobram explicações imediatas de Hugo Motta, assim como responsabilização dos agentes envolvidos nas agressões. Também expressam solidariedade aos profissionais feridos e aos parlamentares que tentaram impedir o bloqueio da imprensa e acabaram agredidos pela segurança da Casa.
A comparação com práticas autoritárias do período da ditadura ecoou com força nas notas que circularam entre entidades e redações. Para dirigentes da Fenaj e do SJPDF, a Câmara reviveu um roteiro sombrio que deveria ter ficado enterrado na história.
O alerta é claro: a escalada de hostilidade contra jornalistas em Brasília voltou a níveis inaceitáveis. O movimento ocorre justamente no momento em que setores do Legislativo tentam revisar punições impostas aos responsáveis pela tentativa de golpe. Para as entidades, o país não pode aceitar nenhum retrocesso — nem na punição a golpistas, nem na proteção à imprensa.
A exigência final é direta e sem curvas: que todos os condenados pelos ataques à democracia cumpram integralmente suas penas. E que o Congresso volte a ser a casa do povo, não um lugar onde a violência contra jornalistas se torna parte do roteiro político.



























