As empresas de ônibus do Leste Fluminense estão lentamente se recuperando dos efeitos da pandemia da Covid-19, mas pode-se dizer que o setor já respira com menos dificuldades. Tal premissa se baseia tanto na concessão de aumento salarial para os rodoviários acima da inflação, bem como na retomada de contratações de trabalhadores.
Em assembleia realizada na quarta-feira (16), o Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), aprovou a proposta patronal de aumento salarial de 6% e uma cesta básica de R$ 510,00. O reajuste passa a vigorar na folha de pagamento a partir de 1º de novembro, Data-Base da categoria. Rubens dos Santos Oliveira, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), considerou a decisão “realista”.
“Agora há empresas que já estão contratando, o que é um bom sinal. Ainda assim, estamos ainda distantes da retomada do patamar das operações de transportes anteriores à crise do coronavírus”. analisa o presidente do Sintronac, Rubens dos Santos Oliveira.
O reajuste já devolve aos rodoviários parte de seu poder de compra, mesmo que timidamente. Com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) previsto pelo Banco Central para 2024 em 4,38%, os ganhos reais ficaram em 1,62%. Todavia, há de se considerar que o setor ainda luta para se recuperar dos impactos da pandemia e enfrenta desafios financeiros.
“Obtivemos um ganho salarial, o que é, definitivamente, importante nesse momento”, complementa o presidente do Sintronac
Ele também enfatizou a necessidade de mais investimentos públicos para o setor.
Já colocamos para o poder concedente, ou seja, prefeituras e Estado, várias opções de reestruturação do setor. Uma delas são os subsídios baseados na quilometragem rodada pelas linhas; outra é a criação de uma tarifa técnica, que recomponha os gastos setoriais, inclusive com os aumentos salariais da categoria; pode-se criar também um fundo setorial para recuperar a capacidade das empresas de investimento em mão-de-obra e qualidade do serviço; e há ainda a nova realidade da instituição da tarifa zero, totalmente subsidiada pelo poder público, adotada, atualmente, por 136 municípios brasileiros, incluindo Maricá”, afirma Rubens.
Tarifa Zero
Além das contratações e do reajuste, a discussão sobre a Tarifa Zero ganha destaque no contexto local, principalmente em Niterói, onde o Psol tem defendido a adoção da medida, de forma semelhante à Maricá. A cidade se destaca como o primeiro município com mais de 100 mil habitantes a implementar essa política. Atualmente, 94 cidades no Brasil implementam tal gratuidade. Dentre elas, seis capitais: Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Palmas (TO), São Luís (MA) e São Paulo (SP).
As questões relacionadas à eficiência do transporte coletivo, bem como das tarifas praticadas no setor, se tornaram parte integrante do debate eleitoral em Niterói e São Gonçalo, sobretudo na disputa pelas prefeituras.
Em Niterói, a deputada federal Talíria Petrone (Psol), 3ª colocada no 1º turno das eleições, teve como uma de suas principais bandeira a Tarifa Zero. Já em São Gonçalo, o também deputado federal Dimas Gadelha (PT), derrotado no primeiro turno, defendeu a medida. A proposta de ambos defende um transporte público totalmente subsidiado pelo poder público.
Desde 2020, o número de cidades brasileiras que adotaram a Tarifa Zero triplicou, com 136 municípios já implementando a gratuidade no transporte. Outras cidades, como São Paulo e Belo Horizonte, têm adotado a medida de forma parcial, refletindo uma mudança crescente na abordagem do transporte público.
Agora, enquanto o Capitão Nelson anuncia que vai licitar novamente todas as linhas de ônibus gonçalenses, Niterói aguarda a definição de quem vencerá a disputa pela Prefeitura. Carlos Jordy (PL) promete tarifa zero para os beneficiários do Cartão Arariboia, mas seu adversário, Rodrigo Neves, a aplicação de subsídio para reduzir o valor da tarifa.
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