
A vítima, Matheus Cruz Peçanha – Foto: Reprodução/Redes sociais
Pouco mais de um mês após a execução do jovem Matheus Cruz Peçanha, na Região Oceânica de Niterói, a Delegacia de Homicídios da cidade (DHNSG) continua sem respostas para o crime. O assassinato aconteceu no dia 22 de agosto de 2023.
Matheus chegava de moto em sua casa, na noite daquele dia, na Rua José Mocarzel, vindo do trabalho, quando três bandidos armados o surpreenderam enquanto abria o portão. Os criminosos atiraram e a vítima morreu no local. Os assassinos não levaram a moto.
É importante frisar que toda a ação foi flagrada por câmeras de segurança. Sendo assim, é difícil justificar a falta de respostas para a elucidação do crime. Fontes ligadas à Polícia Civil destacam que a busca por imagens é o primeiro passo da investigação.
Desse modo, quando existem vídeos que flagram a dinâmica do crime, a elucidação se torna mais simples. Contudo, na DHNSG, as coisas parecem funcionar de forma diferente. Além disso, há relatos de famílias de vítimas de homicídios que afirmam terem dificuldades para obter informações junto à especializada.
A reportagem do FOLHA DO LESTE perguntou à Polícia Civil qual a linha de investigação para o crime, se há suspeitos identificados e se houve prisões relacionadas ao caso. A resposta encaminhada, através da DHNSG, foi apenas uma “nota padrão”.
As investigações seguem em andamento na DHNSG”, limitou-se a dizer a Polícia Civil.
O velório e sepultamento do jovem aconteceram no cemitério do Maruí, no Barreto, Zona Norte de Niterói, dois dias após o crime. Muito emocionada durante o velório, Vânia Cristina, mãe de Matheus, chegou a gritar que, dentre os presentes, “alguém sabia o que havia acontecido com seu filho”.
Assalto em Itacoatiara
Nesta segunda-feira (9), houve um assalto a uma farmácia, com troca de tiros, em Itacoatiara. Poucas horas após o crime, o Segurança Presente Niterói, em ação integrada com o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), Polícia Militar, ONG Viver Bem, população e 81ª DP, localizaram o veículo usado no crime. A partir disso, possivelmente, encontrarão os criminosos.
Eficiência no Rio e descaso em Niterói
Todavia, um outro crime, cometido na semana passada, na Barra da Tijuca, com ampla repercussão, teve resposta imediata, após forte pressão midiática. Trata-se da execução de três médicos, com um sobrevivente, cujas linhas de investigação logo se tornaram públicas. Até mesmo interceptações telefônicas, localização de veículo, cadáver de possíveis executores e entrevistas coletivas do governador Claudio Castro e do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capeli.
Provavelmente, em razão do crime ter ocorrido no Rio de Janeiro. Igualmente, em tese, por uma das vítimas se tratar do irmão da deputada federal Sâmia Trindade (Psol-SP) e cunhado do deputado federal Glauber Rocha (Psol-RJ).
Não estamos questionando a “eficiência” do modo como a polícia e o poder público lidou com a hedionda situação ocorrida na Barra da Tijuca, apesar de todas as falhas anteriores ao crime. Contudo, em como a execução, de um trabalhador, na Região Oceânica de Niterói, com dezenas de tiros, está impune, a exemplo de outros crimes que estão se acumulando na gaveta da DHNSG.
O jornalismo, neste caso, não está extrapolando a função de informar. Ao contrário disso, estamos defendendo a natureza de nossa função noticiosa e da profissão em si. O jornalista deve promover o acesso da informação ao público. Entretanto, quando a outra parte, no caso a DHNSG não fornece à sociedade às respostas aos questionamentos que realizamos, com uma resposta que corresponde a nada com coisa nenhuma, temos o dever de deixar tal situação evidente. Tanto para a sociedade, bem como para o poder público.