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Brasil perde água tratada equivalente a 6 mil piscinas por dia, diz estudo

Brasil perde água tratada equivalente a 6 mil piscinas por dia | Reprodução

O desperdício de água tratada no Brasil alcança níveis alarmantes e compromete a segurança hídrica do país. O novo Estudo de Perdas de Água 2025, elaborado pelo Instituto Trata Brasil e pela GO Associados, revela que o país desperdiça diariamente o equivalente a 6.346 piscinas olímpicas antes que o recurso chegue às torneiras.

Os dados do SINISA (base 2023) mostram que o Brasil perdeu 5,8 bilhões de metros cúbicos de água tratada em um ano. O volume abasteceria 50 milhões de pessoas. As perdas totais atingem 40,31% da água produzida, muito acima da meta federal de 25% estabelecida pela Portaria 490/2021.

As regiões Norte e Nordeste registram os piores resultados. Estados como Alagoas, Roraima e Acre desperdiçam mais da metade da água distribuída. No outro extremo, Goiás, Distrito Federal e São Paulo apresentam os menores índices, embora ainda distantes da meta ideal.

A maior parcela das perdas vem de vazamentos e erros de medição. Só as perdas físicas ultrapassam 3 bilhões de metros cúbicos por ano. Esse volume garantiria água para 17,2 milhões de pessoas em comunidades vulneráveis por quase dois anos. O impacto financeiro acompanha o prejuízo. A ineficiência aumenta gastos com energia, produtos químicos, manutenção, uso de infraestrutura e até captação desnecessária em mananciais já pressionados pelo clima.

O efeito ambiental é direto. A necessidade de captar mais água do que o consumo real reduz a vazão de rios, pressiona ecossistemas e eleva os custos de mitigação. Em meio a secas prolongadas, calor extremo e mudanças no regime de chuvas, o cenário tende a piorar. O estudo destaca que 34 milhões de brasileiros ainda não têm acesso à água tratada.

Luana Pretto, presidente-executiva do Trata Brasil, alerta para a urgência do problema. Ela afirma que o avanço no combate às perdas segue tímido. “Perdemos diariamente mais de 6,3 mil piscinas de água potável, um exemplo alarmante de ineficiência”, disse. Ela reforça que secas e alteração nas chuvas tornam o desafio ainda maior. “Investir na modernização da infraestrutura é urgente.”

As disparidades regionais evidenciam desigualdade estrutural. Locais com menor capacidade de investimento apresentam índices piores. Reduzir perdas também se transforma em estratégia de adaptação climática. O tema ganha força no debate global, sobretudo às vésperas da COP30.

Se o país atingisse o índice de 25% previsto pela regulação, economizaria 1,9 bilhão de metros cúbicos de água — volume para abastecer 31 milhões de pessoas por um ano. O ganho econômico estimado até 2033 chega a R$ 17 bilhões, valor que fortaleceria a resiliência dos municípios diante das mudanças climáticas.

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