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Desmatamento no Cerrado cresce 19% em fevereiro

Desmatamento no Cerrado cresce 19% em fevereiro

Foto: Adriano Gambarini – WWF Brasil – Divulgação

O Cerrado, fonte de 40% da água doce do Brasil, teve um aumento de 19% nos alertas de desmatamento em fevereiro de 2024, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O bioma perdeu 3.798 km² de vegetação nativa no período de agosto de 2023 a fevereiro de 2024, segundo o monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

No mesmo período, a Amazônia apresentou queda de 30% nos alertas de desmatamento em relação a fevereiro de 2023.

Para a organização WWF Brasil, um dos principais fatores que contribuem para o desmatamento no Cerrado é a quantidade de autorizações concedidas pelos governos estaduais e prefeituras, com base no Código Florestal. A legislação determina que 80% da vegetação nativa seja preservada em propriedades privadas na Amazônia, enquanto no Cerrado esse percentual é de apenas 20%, mesmo sendo um dos biomas mais biodiversos do planeta, concentrando 5% de todas as espécies.

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O avanço da agropecuária é o principal responsável pelo desmatamento no Cerrado. Um estudo do Instituto Cerrados comprovou que o cultivo de soja, milho e algodão, assim como a pecuária, influenciam o ciclo hidrológico do bioma.

Contudo, o estudo constatou que a mudança no uso do solo provoca a redução da água em 56% dos casos e que, nos demais casos (44%), o fator que ocasiona alterações são as mudanças climáticas. Pelos cálculos da pesquisa, o Cerrado pode perder 33,9% dos fluxos dos rios até 2050, se o ritmo da exploração agropecuária permanecer o mesmo.

Ana Crisostomo, especialista em Conservação e líder da estratégia de conversão zero do WWF-Brasil, observa que o próprio agronegócio tem sido afetado pelos desequilíbrios que ajuda a gerar. A perda de vegetação já reduziu em média 12% da produtividade de grãos do país.

“Só em 2023, os pedidos de recuperação judicial dos produtores rurais cresceram 535% em relação a 2022, por perdas nas plantações e aumento de custos. Manter a vegetação nativa e recuperar áreas desmatadas são ações prioritárias que o setor agro precisa implementar, se quiser manter a posição de liderança na balança comercial”, diz a porta-voz da entidade.

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O desmatamento no Cerrado também afeta os povos indígenas. De acordo com um relatório de 2022 do Instituto Socioambiental (ISA), o bioma é o terceiro com maior número de territórios indígenas demarcados, atrás da Amazônia e da Mata Atlântica. O estudo também aponta que esses povos têm papel fundamental na recuperação de áreas degradadas.

Contudo, no Cerrado, o quadrante Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) é o que mais preocupa em relação aos índices de desmatamento. No acumulado do ano, Maranhão e Tocantins apresentam os piores resultados.

Sendo assim, o Maranhão registrou 212 km² de vegetação sob alerta de desmatamento em fevereiro, patamar 316% superior ao de fevereiro de 2023. Entre agosto de 2023 e fevereiro de 2024, a destruição no estado foi duas vezes pior do que no período anterior.

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Dessa forma, o Tocantins registrou 158 km² sob alerta de desmatamento em fevereiro, aumento de 136% em relação a fevereiro de 2023. Assim, no ano Deter, a destruição no estado foi três vezes maior do que no período anterior.

Enfim, a Amazônia, no acumulado do ano Deter, registrou 2.350 km² sob alerta de desmatamento, uma queda de 56% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ao todo, foram detectados 3.798 km² de vegetação nativa perdida no Cerrado entre agosto de 2023 e fevereiro de 2024, um crescimento de 63%.

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