Nos últimos meses, criminosos em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, têm adotado novas formas de bloqueio para dificultar a entrada da polícia em áreas dominadas pelo tráfico. No bairro de Vista Alegre, um motorista de aplicativo teve o para-choque do carro destruído após cair em uma vala aberta por criminosos.
No vídeo, gravado pela própria vítima e publicado nesta terça-feira (22), é possível ver a profundidade do buraco, localizado na parte alta da Rua Joaquim Nabuco, uma via paralela à RJ-104, importante rodovia que cruza a cidade.
“Olha isso, buracão! Olha só onde eu caí”, diz o motorista, ainda assustado com o ocorrido.
Moradores relatam que o padrão das barricadas mudou nos últimos tempos, principalmente devido à atuação mais intensa da Polícia Militar no município.
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As barricadas móveis, comuns até pouco tempo atrás, vêm sendo substituídas por obstáculos fixos, como valas, pneus e ferros fincados no chão, que forçam os motoristas a fazer zigue-zagues arriscados ou, em casos extremos, impedem totalmente a passagem.
Expansão das táticas no Complexo de Israel
No Complexo de Israel, formado por Parada de Lucas, Vigário Geral, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau, na Zona Norte do Rio, esta prática tem sido adotada há mais tempo. Em recentes operações da PM na região, agentes já se depararam com as valas no chão como barricadas. A região é dominada atualmente por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o ‘Peixão’, que lidera o Terceiro Comando Puro (TCP).
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Segundo informações, o Complexo de Israel expandiu seus territórios para 36 ruas consideradas antes somente residenciais, sem a presença do tráfico, na Zona Norte carioca. Nelas, há remoção constante de barricadas. A expansão teria ocorrido, segundo a polícia, após a pandemia, quando houve a instauração da ADPF 635, medida conhecida como ADPF das Favelas, ação que questiona as operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro.
Reações das autoridades e operações policiais
A Polícia Militar realizou, em dezembro de 2024, uma operação para remover barricadas em comunidades do bairro Jardim Catarina, em São Gonçalo. Ao todo, cerca de 32 toneladas de entulhos foram retiradas das vias públicas durante a ação. As barreiras, colocadas por criminosos, têm como objetivo dificultar o acesso da polícia, impedindo a circulação de viaturas e reforçando o domínio de facções.
Em outubro de 2024, parlamentares pediram por ofício reforço de policiamento na Cidade Alta, comunidade do Complexo de Israel, após confronto entre polícia e bandidos que resultou em cerca de duas horas de intenso tiroteio, culminando com três mortos e três feridos. Barricadas criadas pelo tráfico são obstáculos à circulação da polícia na Cidade Alta.