
Foto: Divulgação.
Uma peça infantil adaptada para um musical com o objetivo de apresentar à criançada versões atuais das memoráveis cantigas de roda para as novas gerações. Esta é a ideia de TumPaTatum, que se encontra desde quinta-feira (19) no Spotify. O trabalho tem a autoria de Tamiris Pires e Cella Bartholo. A direção é de Alain Catein e a produção musical é de Caio Loureiro.
A produção apresenta quatro personagens que têm uma missão intergaláctica. A de resgatar as tradicionais cantigas de moda brasileira.
Tamiris, uma das autoras, conta que a ideia do projeto surgiu quando Cella resolveu pensar em algo a partir dos próprios gatos de estimação.
“Quem me veio com a ideia foi a Cella Bartholo, baseada nos seus dois gatinhos, Tônio e Tereza. Ela me veio com a premissa de ser uma história divertida, e que ao mesmo tempo passasse uma mensagem importante pro público, principalmente para as criança. Essa era a sinopse, Tônio e Tetê são dois gatinhos que encontram uma caixa de música em uma de suas viagens intergalácticas, e juntamente com seus donos, Thea e Terry, têm a missão de salvar as músicas da caixinha para que elas nunca mais sejam perdidas, e essas músicas fazem parte do folclore brasileiro, como ‘A canoa virou’ e ‘O sapo não lava o pé’, por exemplo. É como se fosse um resgate da nossa memória”, explica.
Cella também foi quem deu a ideia do nome, de acordo com Tamiris.
“Ela também me trouxe esse nome e eu achei genial. Soa divertido e, ao mesmo tempo, tem um ritmo, uma batida forte. Remete a outro universo, que é onde os personagens vivem”, explicou.
Ineditismo como parte da inspiração
Embora a proposta seja resgatar as cantigas de roda tradicional, Tamiris explica que o formato da ideia é inédito. Além disso, embora a proposta aborde o universo infantil, o intuito é dialogar com pessoas de todas as idades.
“Pensamos em uma história inédita, que conversasse com todas as idades. Nos adultos, vem a sensação de nostalgia, dos tempos de infância, nas crianças, essas músicas, com uma nova roupagem, além de todo o colorido do espetáculo, efeitos, elenco, figurino, também são um grande atrativo”, explicou.
Da criação no Jacarezinho à descoberta como escritora

Foto: Reprodução/ Instagram
Se atualmente Tamiris consolida os passos como escritora e participa como escritora de projetos teatrais e musicais, ela precisou de uma palavra que aprendeu na infância o que significa na prática. Persistência.
Nascida e criada na comunidade do Jacarezinho, ela teve uma infância com dificuldades, assim como muitos moradores do local têm até hoje.
Formada em Jornalismo, tentou oportunidades em inúmeras portas. Mas, paralelamente, sentia que a escrita poderia ser um caminho.
Em 2018, lançou o primeiro livro, *Maria, a poetisadora”. Com tiragem limitada, resolveu fazer algo para estrear no universo literário. E foi quando passou a trabalhar numa editora que este universo, definitivamente, a conquistou.
Ela reconhece que não esperava se aventurar pelo caminho da dramaturgia. Mas Cella foi quem a convenceu a respeito deste potencial.
“Eu sempre gostei de escrever, principalmente histórias, sejam elas quais forem. Também sempre amei teatro, mas, mesmo sonhando, nunca me vi escrevendo uma peça de fato, ainda mais um musical, porque era algo inimaginável pra mim, demanda muita coisa que achava ainda não ter ferramentas, repertório. Quando a Cella me chamou, eu quase perguntei ‘tem certeza?’. Mas eu de cara já me encantei com a sinopse e durante o processo de escrita, ela me ajudou a encontrar o caminho da história que gostaríamos de contar, e quando chegamos no ponto final, de fato, me caiu a ficha de que tinha escrito uma peça de teatro. Algumas vezes, nos colocamos amarras até criarmos coragem de arrancá-las e tentar algo novo”, recordou.
“A educação salva”
Com orgulho da própria origem, ela é direta em afirmar qual foi a fórmula para essa conquista. Educação.
“Eu nunca achei, sempre tive certeza que a educação salva, me salvou e salva todos os dias. Quem nasce e mora na favela, já tem um roteiro pré-estabelecido pela sociedade que nunca me coube. Não e fácil, a gente lida com diversas barreiras o tempo inteiro que nos fazem questionar nossas escolhas, a tentação de optar pelo mais fácil, de se contentar com a caixinha que insistem em nos colocar. Mas os livros além da fuga de uma realidade complicada, sempre me deram um universo, me fizeram conhecer outros mundos, outras histórias, e desde ali eu sabia que minha vida seria por esse caminho”, comenta em tom orgulhoso.
E ela acrescenta:
“Eu gosto muito de uma frase, quem tem um porquê, enfrenta qualquer como, até hoje, ainda me vejo diante de muitas barreiras pra quem vem de uma realidade como a minha, mas eu tenho um porquê, ainda quero que o mundo conheça minhas histórias, e esse porquê, me faz enfrentar todos os dias qualquer como”, finaliza.
Quem quiser acessar TumPaTatum no Spotify pode clicar aqui.