"Compaixão Virtual" não resolve nada sem doação

“Vocês são anjos” “Ajudem por favor” “Graças a Deus existem pessoas como vocês ”
São as frases que os protetores de animais mais estão acostumados.
Em sua maioria frases vazias de significado, acompanhadas de curtidas ou reações de tristeza que não ajudam os animais de rua em hipótese alguma.
A cruel e real constatação é que a sociedade se compadece quando vê sangue e imagens fortes, e ajuda efetivamente quando há mutilação física ou situações dolorosas para o animal.
Acontece porém que entre o resgate e a adoção o caminho é longo.
Um protetor de animais precisa manter o animal acolhido o que significa, alimentar, limpar, desparasitar, medicar, manter as instalações.
Exemplo recente foi a grande mobilização realizada pelo Jornal Folha do Leste pelo Abrigo Arca Animal, a fim de que não perdesse suas instalações e os animais não fossem para as ruas.
Animais resgatados e acolhidos de maus-tratos severos, que já não tem mais condições de sobreviver nas ruas, todos castrados e com a dignidade restaurada após episódios como zoofilia, empalamento, atropelamento, tortura.
Animais que não foram adotados por não serem “bonitos” aos olhos da sociedade ou por serem grandes e muitos já idosos e em constante tratamento.
A campanha arrecadou likes, comentários, sugestões, mas ajuda efetiva, nenhuma.
A sociedade, assim como o poder público, que tem “pena” desses animais que sofrem , precisa compreender que curtidas e compartilhamentos não compram ração e nem pagam as contas.
Se o cidadão sente pena dos animais que vivem nas ruas à mercê do frio e das chuvas, e gosta dos pets de suas casas, tratando-os com respeito, alimento e um paninho quente pra dormir, mas não se move para ajudar os que precisam, então esse amor é vazio.
A campanha era para arrecadar o valor de 3.000,00 suficiente para quitar os débitos de aluguel de um dos espaços dos animais, porque o abrigo já teve a necessidade de entregar um outro espaço por falta de ajuda. Até o espaço definitivo, ficar pronto em dois a três meses e os animais poderem permanecer abrigados sem necessidade de voltarem para as ruas.
Até o presente momento, os animais permanecem no local por intervenção e pedidos de vizinhos na localidade que pediram mais uma semana de prazo para a responsável pelo Abrigo continuar tentando conseguir ajuda.
A reflexão que fica é a seguinte: se cada curtida viesse acompanhada da ação de doar 1 real , metade da dívida seria paga.
Vimos há pouco tempo uma mobilização tremenda para permanência de uma capivara com seu tutor, e doações para inclusive pagar a multa que o tutor supostamente devia ao IBAMA. Se não fossem 40 cães, mas 40 capivaras, o resultado seria diferente?
Não importa afinal. São vidas que precisam do entendimento de que compaixão de plástico, pena virtual, não funciona.
O que você recebe de informação e o que faz a partir dela é o que importa.
Se a compaixão não vem acompanhada de ação, neste caso, ajudar com 1 real que fosse, a “compaixão” é só uma palavra vazia.