Em setembro, é realizada a campanha de conscientização à Doença do Alzheimer, principal tipo de demência, que corresponde de 60% a 80% dos casos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, no Brasil, o número de pacientes com a doença chega a 1,5 milhões. Segundo estimativas da Alzheimer ‘s Disease International, os números globais poderão chegar a 74,7 milhões, em 2030, e 131,5 milhões, em 2050. A doença não tem cura, mas existem formas de prevenir ou retardar o aparecimento dela.
A geriatra e especialista em medicina preventiva, Márcia Umbelino, explica que a doença pode começar a dar sinais até 20 anos antes do diagnóstico.
“Existem medidas que previnem diversos tipos de doenças, principalmente as neurodegenerativas. Então, com o aumento da expectativa de vida, surge também a necessidade de se prevenir das doenças que podem nos acompanhar por tantos anos e que são incuráveis, como o Alzheimer”, completa a médica especializada no tratamento e prevenção de doenças neurodegenerativas.
Os sinais da doença e os déficits cognitivos que a antecedem precisam ser identificados antes do tratamento, o mais cedo possível, para que a doença possa ser controlada. Entre eles estão problemas na memória, pensamento e comportamento. Nos estágios iniciais, os sintomas podem ser mínimos, mas pioram conforme a doença causa mais danos ao cérebro.
A geriatra explica que sintomas como: problemas para completar tarefas que antes eram fáceis, dificuldades para a resolução de situações, mudanças no humor ou personalidade, isolamento social, piora na comunicação (tanto escrita quanto falada), confusão sobre locais, pessoas e eventos e alterações visuais como, por exemplo, obstáculos para entender imagens, são sinais que se encontram em pessoas com Alzheimer, ou com o princípio da doença.
Prevenção é o melhor remédio
Um estudo realizado por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de São Paulo (USP) apontou que exercícios resistidos, como a musculação, previnem e diminuem os avanços do Alzheimer. Isso porque o nível de cortisol, hormônio que, quando está em alta se torna neurotóxico e está diretamente relacionado ao estresse e fator de risco para desenvolvimento da doença, diminui muito. A principal causa é o fator desinflamatório causado pelos exercícios. A contração dos músculos leva a produção de hormônios que vão ajudar na saúde física e cerebral.
“A prevenção consiste em manter o corpo em equilíbrio. Hábitos como dormir e se alimentar bem, evitar bebida alcoólica, não se estressar e fazer modulação hormonal, que ajuda a não entrar em um processo depressivo e não evoluir para um quadro demencial, são formas de prevenir. A modulação equilibra e estabiliza o corpo metabolicamente e energeticamente, o que também faz parte do tratamento preventivo”, esclarece Umbelino.
Formas de tratamentos
Apesar de a maioria dos brasileiros considerarem a saúde como uma prioridade, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que 71% não fazem atividades voltadas à prevenção e promoção de cuidados, como praticar atividades físicas. Infelizmente, esse é um dos motivos para doenças evitáveis continuarem aumentando. Apesar do Alzheimer não ter cura, existem tratamentos que vão melhorar a qualidade de vida do paciente.
“Claro que, quando a doença é diagnosticada no início, é muito mais fácil de ser tratada e diminuir os efeitos dela. Há medicamentos para tratar os sintomas de demência, eles funcionam aumentando os neurotransmissores no cérebro”, explica a geriatra Márcia Umbelino.
A soroterapia é uma aliada no tratamento, principalmente nas fases iniciais. Segundo a geriatra, com a técnica é possível receber as medicações do Alzheimer de forma mais eficaz, uma vez por semana, diminuindo a quantidade de comprimidos que se ingere diariamente. O efeito é melhor por ser injetável e ir direto para o organismo, sem perda no estômago. “Com a soroterapia, conseguimos inserir na veia do paciente vitaminas, minerais e aminoácidos que ajudam na produção dos neurotransmissores, que são os mais afetados em um processo demencial e na alteração de cognição”, completa a médica.
“Detectar o Alzheimer ainda não é algo simples. Existe o teste de DNA, mas apenas 2% dos casos têm causa hereditária. É preciso, portanto, ficar atento aos sinais iniciais. Alguns outros problemas de saúde tratáveis podem ser confundidos com demência, como deficiência de vitamina B12 ou a névoa mental, condições que podem ser resolvidas com reposição hormonal ou suplementação”, complementa a médica.
O diagnóstico do Alzheimer deve incluir uma anamnese específica, exames de sangue, testes cognitivos e avaliação de imagens do cérebro e do estado clínico do paciente. O diagnóstico correto é importante também porque existem outros tipos de demência e o tratamento para cada uma delas é diferenciado.