
Cláudio Castro assina decreto sobre tarifaço de Donald Trump | Divulgação/Governo do RJ
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, determinou nesta quarta-feira (16), a instituição de um grupo de trabalho para estudar os impactos que a economia fluminense terá com o tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A medida, decorrente do Decreto nº 49.739, teve publicação em edição extra do Diário Oficial. A extorsiva alíquota tarifária está prevista para entrar em vigor no dia 1º de agosto. Sobretudo, caso o Brasil não mude sua postura em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Na carta repleta de verborragia enviada à nação, Trump adotou tom de chantagem e, ao mesmo tempo, de líder universal supremo.
“Conheci e tive contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente, assim como a maioria dos outros líderes mundiais. A maneira como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato — inclusive pelos Estados Unidos —, é uma desgraça internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. Trata-se de uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, disse o presidente norte-americano.
A medida fluminense, assinada por Cláudio Castro, cria um Grupo de Trabalho Executivo, sem aumento de despesa, para produzir estudos e diagnósticos sobre os efeitos da tarifa nas cadeias produtivas e no comércio exterior do estado. O decreto menciona a “necessidade da elaboração de estudos” como justificativa para a criação do GT, mas não prevê medidas diretas ou emergenciais de enfrentamento.
Resposta oficial do Brasil
Em 15 de julho, um dia antes da medida de Castro, o Brasil enviou resposta oficial aos EUA por meio de carta assinada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira.
O texto manifesta “indignação” com a imposição da tarifa e afirma que ela terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco “uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”.
“Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas”, diz o documento.
A carta também relembra que, desde a adoção de tarifas recíprocas em abril de 2025, o Brasil tem dialogado com boa-fé com autoridades americanas. Tanto que apresentou, em maio, uma proposta formal de negociação, mas que segue sem resposta até então.
Brasil aguarda resposta: “Mitigar os impactos negativos”
O governo brasileiro reitera, ao final da carta, seu “interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira”. Do mesmo modo, afirma estar pronto para dialogar.
“O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável”, afirma o texto, que ressalta o objetivo de “preservar e aprofundar o relacionamento histórico” e “mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas no nosso comércio bilateral”.