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Ciganos do século XXI da Imperatriz não superam os da Viradouro em 92

Ciganos do século XXI da Imperatriz não superam os da Viradouro em 92

“Carro da Rússia” antes de pegar fogo – Foto: Reprodução/Revista Manchete

A Imperatriz Leopoldinense fechou o primeiro dia de desfiles na Sapucaí, na madrugada desta segunda-feira (12), com uma belíssima apresentação sobre o povo Cigano. Aclamada, a escola já se colocou entre as favoritas a conquistar o título em 2024, com o enredo “Com a Sorte Virada pra Lua”.

A apresentação mexeu com as memórias dos torcedores da Viradouro com mais de 35 anos, ou mesmo daqueles mais novos, mas que se aprofundaram sobre a história da vermelho e branco niteroiense. Eles lembraram de um desfile que pode ser considerado tão ou mais belo que o da Imperatriz este ano.

Em 1992, a Unidos do Viradouro surgiu como forte candidata a conquistar o que seria seu primeiro título, com o enredo “E a Magia da Sorte Chegou”, também sobre o povo cigano. No entanto, uma tragédia, ao final do desfile, mudou o destino.

Dois gigantes do Carnaval Carioca assinaram a apresentação: Max Lopes, dono de três títulos do Grupo Especial, falecido em setembro do ano passado, e Mauro Quintaes, atual carnavalesco da Porto da Pedra. Em 1992, a Viradouro ainda buscava seu espaço do “outro lado da poça” e fazia apenas seu segundo desfile no grupo principal.

De acordo com a sinopse do enredo, a proposta da Viradouro era contar que os ciganos vieram implantar as regras da história futura de uma nova civilização. O Brasil foi a terra escolhida, onde se juntaram todas as raças, credos e valores culturais. A pedra fundamental foi lançada por um líder maior, Cigano Rei, predestinado mineiro que teve como ponto de partida a Fênix (Brasília), implantada no ponto estratégico e esotérico de onde saíra o novo.

Todos os caminhos foram perdidos, mas o Brasil foi descoberto e, a partir desse início da era de Aquarius, era mística, a porta se abre para o domínio do homem” diz parte da sinopse.

Arrebatadora e luxuosa, a Viradouro passou pela Sapucaí de maneira irretocável. Das arquibancadas, era possível ouvir os gripos de “é campeã”. No entanto, quando a agremiação já se aproximava da Praça da Apoteose, o carro alegório que representava as geleiras russas entrou em chamas.

Contexto

Ainda de acordo com a sinopse, os ciganos eram tidos por malditos e feiticeiros, principalmente por trabalharem com o ferro e o fogo, e eram obrigados a morar afastados. Tudo isso provocou a sua dispersão pelo mundo. E se em meados do ano 1000 os ciganos aparecem na história, em 1500 estão por toda a Europa, em 1600 por todo o mundo.

Um curto-circuito atingiu a alegoria que retratava justamente a passagem dos Ciganos pelo país russo. As chamas rapidamente consumiram toda o carro, mas sem deixar feridos. O incidente só não foi maior porque, naquela época, os carros não eram motorizados, logo, não havia combusível, o que certamente aumentaria o efeito das chamas.

Ciganos do século XXI da Imperatriz não superam os da Viradouro em 92

Momento do incêndio – Foto: Reprodução/Internet

Mesmo com a rápida ação do Corpo de Bombeiros, o fogo se extinguiu somente após consumir todo o material inflamável do carro. A alegoria era considarada por Max Lopes como um “xodó”. O carnavalesco não segurou a emoção e chorou copiosamente. A Viradouro completou seu desfile com 13 minutos de atraso. Apesar da penalisação de um ponto por minuto estourado, a escola conseguiu terminar a apuração em nono lugar, se livrando do rebaixamento.

Para efeito de comparação, sem os pontos de penalização a Viradouro ficaria em terceiro lugar. Considerando os pontos perdidos nos quesitos Evolução e Harmonia, certamente a escola niteroiense brigaria pelo campeonato com a Estacio de Sá, vencedora em 1992 com o enredo “Paulicéia Desvairada”.

Teorias da conspiração

Uma das teorias mais conhecidas para o incêndio é de que os ciganos consultados por Max Lopes para compor o enredo exigiram que houvesse a representação de uma fogueira, típica em festas daquele povo. Todavia, o carnavalesco teria recusado o pedido. Dessa forma, um dos ciganos teria profetizado que haveria no desfile fogo, fosse ele representado ou não.

No entanto, em entrevista ao site G1, no ano de 2019, Max Lopes citou outra teoria. Segundo o carnavalesco, ele teria perguntado aos ciganos sobre uma lenda urbana de que eles “roubariam cachorros e crianças”. Contudo, a recepção não foi positiva. Lopes recordou que o “carro da rússia” contava justamente com esculturas de cães da raça husky siberiano.

Foram vários fatos curiosos, naquele ano. Eu mexi com uma coisa mística e quando falei que sempre ouvia dizer que cigano roubava crianças e cachorros, eles não gostaram. E aí entrei fundo no assunto, fui pesquisar. Dez dias antes do desfile, ciganas foram ao barracão e começaram a dizer que ia pegar fogo. E falaram de cachorro. E o carro que se incendiou na avenida era o da Sibéria, com vários huskies siberianos”, disse.

Leandro Vieira não pagou para ver
Um bi nas mãos

Fogueira cigana abre o desfile da Imperatriz – Foto – Folha do Leste

Se a lenda em torno do desfile da Viradouro de 1992 é real ou não, jamais será possível esclarecer. No entanto, Leandro Vieira, carnavalesco da Imperatriz Leopoldinense, representou uma fogueira logo na comissão de frente de seu desfile. Afinal de contas, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

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