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Centro de Niterói vira cemitério de postos de gasolina

Por Vítor d’Avila – especial para a FOLHA DO LESTE

Vários postos de combustíveis têm sido desativados na Região Central de Niterói, ao longo dos últimos anos, deixando motoristas com menos opções para abastecer.

Os mais recentes a encerrar as atividades foram o Ipiranga, que ficava na Avenida Visconde do Rio Branco, altura do Colégio Plínio Leite; e o Petrobras, na mesma rua, situado em frente ao clube Canto do Rio.

Os terrenos, que tinham sido cedidos pela Prefeitura de Niterói, foram requisitados de volta pelo poder público por conta das obas de revitalização do Centro da cidade.

Foto: Vítor d’Avila

Além deles, outros postos fecharam nos últimos anos. É possível citar o Petrobras, que ficava na Rua Marechal Deodoro, em 2015; e outro, de mesma bandeira, na esquina da Avenida Feliciano Sodré com a Visconde do Rio Branco, em 2018. Ambos tiveram problemas financeiros.

O caso deste último é peculiar. Em 2021, foi anunciada sua reabertura, sem bandeira, com o nome “Posto Ponta d’Areia”. Entretanto, as obras foram interrompidas subitamente, tornando o local mais um “posto fantasma”.

Os responsáveis pelo empreendimento não foram localizados.

Foto: Vítor d’Avila

Mercado em crise

A reportagem pediu que o economista e consultor em gestão empresarial Carlos Cova, CEO do Grupo Agir Consultoria, comentasse sobre possíveis motivos que levaram ao fechamento dos postos. Ele explicou que a venda de gasolina fazia sentido até a crise do petróleo, nos anos 1970. De lá para cá, é um modelo de negócios fadado ao fracasso, como é possível observar a partir do grande número de postos que encerram as suas atividades.

“São muitas as causas. A primeira deles é o próprio ambiente de negócios no Brasil, completamente hostil a qualquer atividade econômica, e, em especial, bastante restritivo para este tipo de atividade. Enquanto nos Estados Unidos a venda de gasolina nos postos é feita num sistema se self-service, ou seja, o cliente compra e ele mesmo abastece, aqui no Brasil existe a figura do frentista, obrigatoriamente, o que encarece a operação e reduz as margens do negócio. Além disso, a enorme carga tributária comprime ainda mais a margem de lucratividade”, analisou.

Foto: Divulgação

O especialista ainda apontou as restrições de caráter ambiental a que são submetidos os proprietários dos postos, que devem realizar obras e adaptações frequentes para se manter operacional de acordo com as regras ambientais.

“Vender gasolina, etanol e gás no Brasil é um péssimo negócio. Só funciona se a operação foi acessória ou integrada com outras operações, tais como um restaurante em postos de estrada, ou uma loja de conveniências com elevada atratividade, o que amplia a receita do proprietário”, acrescentou.

Outro fator apontado por Cova é a incapacidade gerencial dos proprietários. Ele usa como exemplo um posto do bairro de São Francisco, que experimentou uma sucessão familiar e os herdeiros, por falta de aptidão gerencial, não conseguiram manter o negócio.

“É bastante tênue o equilíbrio entre o lucro e o prejuízo nessa atividade. Associar um lava jato também não é um opção, pois os cuidados com os resíduos são caros e as eventuais multas são pesadas. E, a pá de cal já está presente com o advento dos carros híbridos ou totalmente elétricos”, completou.

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