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Centro de Artes da UFF terá programação sobre os 60 anos da ditadura militar

Centro de Artes da UFF terá programação sobre os 60 anos da ditadura militar

Foto: Divulgação – UFF

As quatro semanas do mês de abril terão uma programação especial no Centro de Artes da UFF. O evento Flores que vencem canhões, busca rememorar dois marcos de grande importância histórica: os 60 anos do golpe civil-militar no Brasil e os 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal.

Vai ser possível conferir mostra de cinema, exposição, peças de teatro e cinedebates afinados com o tema. Embora esses eventos não estejam diretamente conectados, ambos remetem a períodos marcados por regimes de ditadura que continuam a nos atravessar, instigando reflexões sobre autoritarismo, justiça, memória e democracia.

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Na mostra de cinema, serão exibidos cinco filmes que dialogam entre si sobre o tema, nos dias 8, 15, 20 e 22 de abril. A ideia é gerar uma reflexão sobre as causas e as consequências de mais de duas décadas de censura, repressão, perseguição, torturas e tantos outros atos antidemocráticos e que feriram a humanidade.

Um dos maiores destaques da programação é a sessão especial dos 60 anos de lançamento de “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (Glauber Rocha) com a exibição de cópia restaurada e em 4K. Na ocasião, estarão presentes para o cinedebate o cineasta Walter Lima Jr. e o ator do filme Othon Bastos.

Também estão confirmadas na programação as exibições do clássico “Iracema, uma transa amazônica” (Jorge Bodanzky e Orlando Senna), celebrando seus 50 anos de lançamento; e dos mais recentes “Retratos de Identificação” (Anita Leandro) e “Pastor Cláudio” (Beth Formaggini), com novas abordagens do documentário brasileiro contemporâneo.

Teatro

Entre as peças de teatro previstas, estão a premiada “A Tropa”, com o ator Otávio Augusto, que celebra seus 60 anos de carreira, direção de César Augusto e texto de Gustavo Pinheiro. Na peça, um pai doente recebe a visita de seus quatros filhos no hospital. O que seria apenas um encontro familiar se revela um acerto de contas, permeado de humor e revelações, tendo como pano de fundo os últimos 50 anos de história brasileira.

Em cartaz desde 2016, “A Tropa” faz uma leitura perspicaz, sensível, ácida e bem humorada da sociedade brasileira.

“Estreamos no governo Dilma, atravessamos em cena o impeachment dela, o governo Temer, o governo Bolsonaro e agora estamos de volta a um governo de esquerda, com Lula. Não mexemos em uma vírgula do texto e ele se mantém mais atual do que nunca. É interessante e perturbador ao mesmo tempo”, afirma o autor.

Outro destaque é o espetáculo “Milagre do Brasil”, com direção de Pedro Barroso. Em uma adaptação a partir de três diferentes obras de Augusto Boal, o espetáculo apresenta um grupo de presos políticos, nos anos de ditadura militar no Brasil, que retomam o passado e projetam o futuro, em tentativas de humanidade diante da repressão.

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Entre cenas que apresentam os conflitos cotidianos dos presídios, o interrogatório de um dramaturgo e escritos narrativos de Boal, o espetáculo constrói cenas poéticas e instigantes que complexificam os entendimentos naturalizados ao longo dos anos sobre a ditadura militar no Brasil.

Sucesso de público, também compõe a programação o musical Leci Brandão – Na Palma da Mão, com direção de Luiz Antonio Pilar e texto do jornalista e escritor Leonardo Bruno. Nome inconfundível da música brasileira, compositora e intérprete de mão cheia, Leci Brandão é uma mulher à frente do seu tempo, pioneira em tudo o que tem feito em quase meio século de carreira.

Primeira mulher a integrar a Ala de Compositores da Mangueira, e segunda mulher negra a ser eleita para a Assembleia Legislativa de São Paulo, Leci assumiu a homoafetividade publicamente no fim dos anos 70, em entrevista ao jornal Lampião da Esquina, e, alguns anos depois, rompeu com a gravadora multinacional por não aceitar abrandar as letras contestadoras.

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O espetáculo estreou em janeiro/2023 no SESC Copacabana no Rio de Janeiro, onde teve todas as suas sessões esgotadas, além de fazer uma temporada de sucesso no Teatro João Caetano, nos circuitos Firjan SESI Cultura e no Festival SESC de Inverno pelo interior do estado do Rio de Janeiro e uma curta temporada em São Paulo no Itaú Cultural – com um público total estimado de mais de 5 mil pessoas com apenas 40 apresentações até agora.

“O espetáculo é contado sob o ponto de vista da mãe, referência maior na vida de Leci. São reminiscências dela. No espetáculo, às vezes, a mãe canta canções significativas do repertório da Leci para a Leci. A ideia foi construir um espetáculo cujo arcabouço mostrasse toda a tradição familiar e religiosa, o respeito e a educação de uma família preta, que a Leci traz”, resume o diretor.

Leci Brandão estendeu sua luta política para o plenário e, já radicada em São Paulo, filiou-se ao PCdoB e foi eleita deputada estadual em 2010 com 86.298 votos. Atualmente em seu quarto mandato, recebeu 90.496 votos em 2022. Aos 78 anos, segue ativa na música e na vida parlamentar, conclamando o povo para levar na palma da mão a luta pelas causas de todos os marginalizados.

Exposição e debate

Por fim, na exposição Flores que vencem canhões, a democracia – essa flor que sempre precisa ser regada por nós – tem amplo destaque. Fazendo uma volta ao passado, recupera-se um dos programas de conversas mais eloquentes sobre temas que desafiavam uma pauta conservadora na UFF, criado pelo antigo Departamento de Difusão Cultural.

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O “UFF Debate” surge como uma plataforma institucional de diálogo entre instigadores de assuntos e a população niteroiense que, naquele momento, carecia de lugares capazes de servir ao exercício público da conversa – algo que durante alguns anos após o golpe seria uma atividade constantemente vigiada.

Para além dos recortes históricos do UFF Debate, teremos contato com outras imagens e informações de atividades alocadas nesse lugar, somando-se a peças capazes de trazer para o visitante a ideia central dessa exposição: a democracia é necessariamente construída e preservada por quem entende que a vida é a expressão mais bonita da natureza. E ela nasce (e renasce) em todo mundo.

 

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