Editorial

Celebração da data não apaga desafios das mulheres

Por Angélica Carvalho

Neste 8 de março, o mundo desperta para a celebração do Dia Internacional da Mulher. Em nosso universo complexo e multifacetado, tecemos a história da humanidade com fios de força, trançados com sutil delicadeza. E por nossa jornada histórica, repleta de paradoxos, houve instantes em que nossa dita fragilidade se tornou armadura.  E as flores às quais sempre nos associaram, ostentaram espinhos, revelando a resiliência e a beleza singular do feminino.

Num mundo que insiste em ditar regras e impor rótulos, a mulher se reinventa a cada amanhecer, desafiando estereótipos e abrindo caminho para a sua própria verdade. Somos as guerreiras que enfrentam batalhas do cotidiano com a força de mil titãs, sem deixar de escrever versos de amor com a tinta de nossas almas.

No cotidiano, ocupamos muitos espaços. Dentre os quais, o da mãe que nutre e protege. Também, o da profissional que conquista seu espaço após muito lutar. Enquanto amigas, acolhemos. E quando amamos, entregamos nossos corações.

Desafios

Todavia, em meio a tantos desafios, que somente aumentam em todo 8 de março de cada ano, a mulher aprende a navegar pelas contradições da vida. Enfrentamos as cobranças sociais por um corpo perfeito.

Isso não muda quando a pressão ocorre por uma carreira impecável, bem como por uma vida familiar irretocável. Mas onde fica nossa individualidade? Ela não pode ficar perdida de vista.

Para tanto, a força da mulher reside em nossa própria essência e capacidade de amar, de cuidar, de criar e de transformar.

Nesta data emblemática, em nome do Folha do Leste, veículo do qual sou sócia-administradora e editora-chefe, desejo que este dia seja um lembrete. Não para quem pensa que pode nos diminuir, mas àquelas pessoas que acreditam ser capazes de frear nossa vida, progressos e conquistas. Afinal, nossos direitos não advém de concessões por piedade.

Ao contrário disso, justamente nos momentos atribulados e de turbulência social, principalmente em tempos de guerra, provamos o quanto benditas fomos e somos.

Nós, mulheres, somos seres de luz, capazes de iluminar o mundo com ternura, mas também com austeridade, quando exigidas. Não vamos retroceder. Entretanto, para isso, nossas vozes precisam se multiplicar e reverberar cada vez mais, em todos os espaços, quebrando barreiras e construindo um mundo mais justo e igualitário para todas.

Outro olhar

A jornalista Adriana Diniz, com sua sensibilidade aguçada, traduz em palavras a complexa realidade da mulher contemporânea.

“Eu poderia dizer que nunca foi tão difícil ser mulher como nos dias de hoje. Enfrentamos conflitos nunca antes vividos pelo sexo feminino. Especialmente para aquelas acima dos 40, casadas ou divorciadas, empreendedoras ou assalariadas, com filhos ou não. Essa sociedade de hoje não cansa de nos exigir, de nos cobrar de nos julgar. Vivemos um eterno “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, pondera.

Em seu depoimento, Adriana Diniz também fala sobre a bravura feminina. Igualmente, dos julgamentos a que a mulher moderna solteira, casada ou divorciada está submetida atualmente.

“Ainda é preciso muita coragem pra ir atrás dos sonhos e buscar a felicidade, ignorando conselhos e apontamentos de quem não sabe metade do que a gente passa no dia a dia. Pois se você não casou, é porque deve ser difícil. Se ainda está casada, deve ser submissa. Mas caso tenha se divorciado e está feliz e curtindo, quer se fazer de garotinha. Todavia, se o divórcio veio acompanhado de quietude, você está se anulando”.

A maternidade e a vida doméstica também são observados por Adriana.

“Se a mulher teve filhos, mas se dedica a vida profissional com tanta paixão quanto à maternidade, não é mãe exemplar. Se decide ser dona de casa, ela não tem ambições, e deixa de ser considerada uma mulher interessante – muitas vezes nem pelo próprio marido. E o pior, é que são outras mulheres as primeiras a julgar e apontar o dedo”, frisa.

Ela nos convida a refletir em relação às cobranças impostas pela sociedade, sobretudo a pensar sobre a necessidade de união entre as mulheres. Além disso, fala e sobre a importância de celebrar a força feminina.

“Então, nesse dia da mulher eu digo que as mulheres precisam se unir, precisam resgatar uma compaixão alheia que anda meio perdida. Nos precisamos nos amar, mas também amar umas as outras. A mulher tem o dom do cuidado, do carinho e isso anda meio escasso atualmente. Que a gente nunca esqueça que a nossa força vem do feminino, vem da fragilidade, do afeto, do cuidado, do amor. Feliz Dia das Mulheres a todas nós”, finaliza.

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