O presidente da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), Aguinaldo Ballon, informou que o sistema Imunana-Laranjal deve voltar a operar até o final desta quinta-feira (4). A declaração foi dada em entrevista coletiva, no Palácio Guanabara. Entretanto, tal fato não se confirmou e a Estação de Tratamento de Água (ETA) permanece parada, em razão de alteração da qualidade da água bruta (ainda não tratada) no manancial de captação (atualização 5/4).
Tal medida teve como consequência o desabastecimento das cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Itaboraí, bem como a Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. Com exceção de Niterói, cuja concessão pertence à Águas de Niterói, todas as demais cidades e Paquetá tem como fornecedora a Águas do Rio.
Porém, mesmo que a religação do sistema tivesse acontecido ainda nesta quinta-feira, a reativação do abastecimento pelas concessionárias somente ocorreria em 12h. E o prazo para normalização, a princípio, varia entre 24h e 48h. Desse modo, a população deve seguir economizando água.
De acordo com a Cedae, a contaminação da água ocorreu por tolueno, um produto químico poluente e altamente danoso à saúde, caso ingerido ou inalado.
Uma força-tarefa do Governo do Rio de Janeiro identificou, também nesta quinta-feira, o ponto exato do vazamento, às margens do Rio Guapiaçu, em Guapimirim. Ele, juntamente com o Rio Macacu, integra o manancial de captação de água do Sistema Imunana-Laranjal. Fizeram parte da operação técnicos da companhia e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), bem como agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).
A maior porção de concentração do produto está próxima a uma área onde existe um oleoduto desativado. A investigação de crime ambiental já está em andamento, ao passo que a DPMA instaurou inquérito. Já a secretaria estadual do Ambiente e Sustentabilidade promete a aplicação de multa de até R$ 50 milhões.
“Eu assumo um compromisso pessoal de que esse caso não ficará sem solução. Essa força-tarefa em prol da sociedade e do ambiente vai trazer resultados. A multa para quem cometeu essa atrocidade pode chegar a R$ 50 milhões e será aplicada exemplarmente” – disse o secretário do Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Rio de Janeiro, Bernardo Rossi.
A previsão era de que o sistema fosse reativado ainda na quinta-feira, desde que houvesse a comprovação da qualidade da água. Para tanto, a Cedae montou uma barreira, em conjunto com o Inea, para impedir que os poluentes cheguem até o ponto de captação. Além disso, o órgão estadual ainda vai aprofundar as análises, através perfuração do solo do leito do rio, para coleta de material de análise.
Nesse sentido, a Cedae prevê para o decorrer desta sexta-feira (5) a realização de novos exames laboratoriais, que devem determinar o retorno da operação da ETA.
A cada hora, a Cedae monitora a qualidade da água bruta, antes da entrada na estação de tratamento. E enfatiza que o abastecimento somente será normalizado com total segurança.
A Companhia e o Inea tranquilizam a população de que não há risco de a substância chegar às residências, porque a captação só será retomada quando a água estiver totalmente adequada para consumo humano. Diante da situação, a Cedae reforça a orientação para que a população faça uso consciente da água, adiando tarefas não essenciais que exijam grande consumo.
Tolueno
A Cedae também falou sobre a natureza do poluente que atingiu a água.
“O tolueno é um hidrocarboneto aromático, inflamável, incolor, volátil, de odor característico. É altamente danoso à saúde se ingerido ou inalado. A substância é produzida na fabricação de gasolina.
É comumente utilizado como matéria-prima de solventes orgânicos em colas e tintas, além de estar presente na borracha; colas e adesivos para ajudar a secar, dissolver e diluir outras substâncias; diluentes de tinta; limpadores de pincéis, esmaltes; removedores de manchas”.