A Cedae criou um comitê multidisciplinar de especialistas em saneamento e preservação ambiental para discutir temas ligados ao tratamento de água e assessorar a Companhia em decisões técnicas importantes. A primeira reunião do grupo aconteceu na quarta-feira (10), quando foram avaliadas as ações para conter a contaminação de tolueno nos rios do manancial de captação de água do Sistema Imunana-Laranjal, que abastece o Leste Fluminense.
O encontro teve como principal palestrante a engenheira civil Angela Di Bernardo, uma das maiores autoridades em tratamento de água do país. Na quinta-feira, alguns membros do comitê multidisciplinar, que conta também com especialistas da Cedae e do Inea, foram visitar o Canal de Imunana e entender o uso do carvão ativado no tratamento da água.
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Pesquisadora com doutorado e pós-doutorado pela USP, Angela é autora de vários artigos científicos sobre tratamento de água publicados em revistas e congressos nacionais e internacionais, coautora de dois livros sobre o tema e diretora da Hidrosan Engenharia.
Na reunião do comitê, ela analisou as medidas adotadas pela Cedae, diante da presença do produto químico na bacia dos rios Guapiaçu e Macacu, fontes da água que abastece cerca de 2 milhões de pessoas em parte da Região Metropolitana.
“A gente sabe da dificuldade de parar a estação de tratamento, causando desabastecimento de 2 milhões de pessoas. Mas foi uma medida muito correta, sobretudo do ponto de vista da saúde da população. É louvável o conhecimento aprofundado que a equipe da Cedae tem do manancial e a rapidez com que perceberam que havia uma anormalidade na água e adotaram a ação corretiva, que foi fechar a estação de tratamento”, afirmou.
Medidas corretivas
Laboratórios da Cedae permitiram identificar rapidamente que o agente poluidor da água era o tolueno. Com isso, a empresa começou a preparar a adição de carvão ativado, que é capaz de retirar esse produto residual da água.
A equipe também fez a dosagem da quantidade necessária de carvão e o tempo de absorção do poluente antes da captação para que a água já chegue à ETA livre do produto tóxico. A adição do carvão está sendo realizada a cerca de 17 km antes da ETA. O produto filtrante fica uma hora e meia em contato com a água, antes do início do tratamento propriamente dito.
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Para Angela, tanto os cálculos da dosagem como a instalação dos equipamentos necessários para aplicar o carvão foram realizados em prazo recorde, sobretudo quando se considera a grande dimensão da ETA Laranjal, que tem capacidade de tratar 7 mil litros de água por segundo.
“Dentre todas as tecnologias possíveis, o carvão ativado foi o mais adequado. É uma tecnologia totalmente consagrada na literatura e nas nossas experiências para absorção desse tipo de composto. Num tempo recorde, a Cedae conseguiu dosar o carvão e retomar a produção com segurança”, afirmou
A pesquisadora explicou ainda que o carvão ativado não faz parte do tratamento convencional, mas não traz nenhum risco para a população. Ela enfatizou que é um produto autorizado para uso em tratamento de água e é benéfico pois consegue absorver compostos orgânicos que não são absorvidos no processo de tratamento convencional.
Próximas ações
Na reunião da próxima quarta-feira (17), o comitê vai ouvir as análises do professor Rafael Barreto Almada, reitor do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), mestre e doutor em química pela Coppe e presidente do Conselho Regional (RJ).
Almada tem vasta experiência na área de Química, com ênfase em Química Analítica Ambiental, principalmente nos seguintes temas: química de produtos naturais, química ambiental, controle ambiental, inovação tecnológica, tratamento de efluentes domésticos e industriais e técnicas e avaliação de reuso para os diversos fins.