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CBF, enfim, valoriza caráter e ética

Fernando Diniz, novo técnico da seleção brasileira, e Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.
Créditos: Rodrigo Ferreira/CBF

 

Quando você começa em um novo emprego e o dono da empresa vem recebê-lo dizendo que o admira e que sua escolha teve, entre outros fundamentos, o seu caráter e sua ética, sua responsabilidade aumenta muito, não é mesmo?

Pois foi desta forma que Fernando Diniz foi apresentado na tarde desta quarta-feira, na sede da CBF, como o novo treinador da seleção brasileira.

“A escolha do Fernando Diniz é baseada numa carreira de um dos treinadores que mais admiro, pelo estilo de jogo, pela maneira que enxerga o futebol e por tudo o que ouvi dos jogadores, que manifestaram respeito e admiração por ele. E também pelo seu caráter e ética profissional”, fez questão de destacar o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues em sua fala de boas-vindas.

Ética, por sinal, foi um dos pontos altos da coletiva – brigando com a curiosidade sobre a espera pelo italiano Carlo Ancelotti, mas esta dúvida continuou no ar.

“Na CBF, os tempos em que caráter e ética não eram prioridade acabaram”, fez questão de frisar o presidente Ednaldo Rodrigues, antes de passar a palavra para Diniz e os jornalistas, não sem antes elogiar a postura do presidente do Fluminense, Mario Bittencourt, “pela parceria e compreensão em um momento tão importante para a seleção brasileira”.

Fernando Diniz é e continuará sendo treinador do tricolor carioca. Seu primeiro compromisso com a CBF será apenas em setembro, na estreia das eliminatórias para a Copa de 2026, nas partidas contra Bolívia (dia 4, no Brasil, sem local definido) e Peru (em Lima, dia 12).

Reproduzindo o que já dissera na noite de terça-feira, quando foi à CBF assinar seu contrato, Diniz afirmou que estava realizando um sonho.

 

“Pretendo servir bem o futebol na seleção brasileira. Meu estilo de jogos vocês conhecem. Terei a melhor matéria-prima do mundo à disposição e vou tentar reproduzir na seleção o futebol que me trouxe até aqui”, garantiu o treinador, prometendo trazer muitas alegrias aos torcedores.

As convocações, claro, fizeram parte do cardápio de questões à Diniz. Chegaram a questionar se a dupla Ganso/Neymar poderia ressurgir na seleção.

É muito cedo para falar sobre isso, mas minha ideia sempre será convocar os melhores para ganhar o próximo jogo. Seleção para mim é isso”, explicou, fazendo questão de destacar que Neymar é “uma aberração, um super-talento, daqueles que surgem de vez em quando no futebol mundial”.

Como era de se esperar, também, aconteceram citações subliminares pelo fato de Diniz não ter uma carreira de muitos títulos.

Temos que discutir essa relação com o resultado no futebol brasileiro. A seleção foi eliminada pela Croácia, na Copa do Qatar, nos pênaltis, sendo que foi muito superior. Chega a ser um desejo infantilizado achar vilões e heróis o tempo todo”, disse Diniz, procurando manter-se calmo e usando sua formação de psicólogo.

E quando o assunto foi convocação de atletas de adversários do Fluminense, a ética novamente voltou à pauta.

Eu vou ponderar a situação, estamos antecipando a chance de algo acontecer. Quando estiver convocando para a CBF vou me pautar em procurar aquilo que é o melhor para a CBF. Sabe que sempre que outros treinadores, que não conciliavam Seleção e clube, convocavam também eram questionados. Questionamentos podem haver, mas não serão questionamentos baseados na falta de ética. Eu vou procurar fazer o melhor com o meu senso de justiça e com ética, que sempre preservo”, disse Fernando Diniz.

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