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Carnaval 2025 – Série A: saiba quem está na briga pelo título em Niterói após desfiles grandiosos | Angélica Carvalho/Folha do Leste
Favoritismo
No quesito luxo e grandeza – que não estão sob avaliação dos jurados, a Folia do Viradouro sobrou, com direito a efeitos especiais em seus carros. Porém, a agremiação teve problemas no início do seu desfile. Dois carros alegóricos tiveram problemas na primeira curva, abrindo buracos em frente a módulos de julgadores. No primeiro módulo – onde o problema ficou muito evidente, o quesito evolução não estava sob julgamento, enquanto que nos dois módulos seguintes, a agremiação ficou parada.
Fora esse problema, que deve despontuar Folia do Viradouro, ela tem tudo para gabaritar os demais quesitos. A escola apresentou o enredo “Intelêkô: A Encantaria na Folia”, mergulhando no universo do Terecô, religião afro-brasileira dos estados do Maranhão e Piauí, explorando seus mistérios, rituais, elementos culturais, folclóricos e figuras centrais.
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A Alegria da Zona Norte convidou o público e a todos para uma importante mensagem carnavalesca com o enredo “No espelho da Alegria reflete um artista! Muito prazer, eu sou Autista!”. O desfile emocionou diversas pessoas, sobretudo mães e pais de crianças atípicas, transmitindo uma mensagem de inclusão através do olhar particular e especial contra o preconceito.
Correndo atrás de mais um campeonato, a Magnólia Brasil homenageou o sambista campista Roberto Ribeiro, que fez sua história musical no Império Serrano. O samba-enredo cantado pela agremiação, na verdade, foi composto pelo personagem do enredo, Roberto Ribeiro, para o enredo Samba, Suor e Cerveja do Império Serrano no carnaval de 1985. Entretanto, o samba não venceu o concurso, mas Roberto imortalizou a obra sob o título Divina Invenção.
Por conta disso, a Magnólia resolveu o samba para homenagear o sambista, construindo seu carnaval sob o enredo “Divina Invenção – Um Brinde a Roberto Ribeiro”. A agremiação não só cantou e evoluiu muito bem, como também apresentou um excelente conjunto visual. Arrancou o público os gritos de campeã e está na briga pelo campeonato.
Também brigam
A amarelo e branco Império de Charitas, da Zona Sul, abriu a noite em grande estilo, colocando no alto o sarrafo da disputa. Promovida ao Grupo A no ano passado, a agremiação a Império de Charitas levou à passarela do Caminho Niemeyer o enredo “Padroeira: A promessa nas águas da fé”.
A escola narrou a história dos pescadores do Rio Paraíba do Sul, que, em meio à crise, clamaram por alimento e foram atendidos. Uma imagem de Nossa Senhora da Conceição, sincretizada com Oxum, estava representada em seu abre-alas.
Pisando com força na avenida, a agremiação bem traduziu toda esperança de bonança dos devotos da Padroeira. Feito um milagre, Charitas desfilou como cantou, com luta e resistência. Destacando a história de um homem que, ao desafiar a fé, acaba tocado pela graça divina, tornando-se romeiro, a Império de Charitas garantiu sua permanência no grupo. Sua devoção podem lhe transformar em campeã.
Império de Arariboia
Já o Império de Arariboia realizou um desfile notável na Passarela do Caminho Niemeyer, apresentando o enredo “Asa Branca do Sertão”, alusão à icônica canção de Luiz Gonzaga. A escola retratou, com riqueza de detalhes, a jornada do povo nordestino, que migra para o sudeste em busca de melhores condições de vida, fugindo da seca e da fome.
O desfile da agremiação transportou o público para o sertão. A narrativa do enredo, assim como a letra do samba, enfatizou o dilema do amor à terra e aos costumes, mas com o sofrimento do sol e da seca, com a necessidade de migrar com a dor da partida. Uma belíssima comissão de frente, composta de vários componentes de asa-brancas, apresentam de forma original o enredo.
Alegorias e fantasias, ricamente detalhadas, retrataram a paisagem sertaneja e a cultura vibrante do nordeste. A escolha do enredo, baseado na música de Luiz Gonzaga, foi um acerto, emocionando o público e resgatando a memória de um dos maiores ícones da música brasileira. A bateria da Império de Arariboia demonstrou ritmo e sincronia, impulsionando o desfile com sua energia contagiante.
Por fim, a escola apresentou uma evolução compacta e organizada, demonstrando o entrosamento de seus componentes. Assim como o sertanejo, os imperianos de Arariboia não perdem a esperança no campeonato.
A campeã passou
A Experimenta da Ilha, atual campeã e última a desfilar, apresentou o enredo “Dandara, a Flor Guerreira de Palmares”. A escola enfrentou um desafio significativo com um incêndio em seu barracão, resultando em consideráveis perdas. Apesar das adversidades, a agremiação cumpriu seu compromisso e levou à avenida um desfile marcado pela emoção e garra.
O presidente da escola, visivelmente emocionado, expressou a vitória de colocar a agremiação na passarela. O desfile contou com o desempenho notável do puxador Fabricio Alves, que fez um verdadeiro milagre ao superar a tonalidade desafiadora da primeira parte do samba-enredo.
A bateria do mestre Mateus Pestana, mostrou ritmo impecável, excelente andamento, balanço e bossas criativas. O show de samba no pé do rei da bateria, Felipe Silva, e da rainha, Maria Elisa, também mereceu destaque, demonstrando energia e alegria contagiantes. O conjunto alegórico da escola demonstrou qualidade e criatividade.
Apesar do esforço e da energia dos componentes, a comissão de frente e a indumentária do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira (Fábio Junior e Natália Monteiro) apresentaram um contraste com o nível das alegorias e das demais escolas na disputa pelo campeonato.
Desfile Morno
A Unidos da Região Oceânica, apesar do desfile correto, fez um desfile inferior às demais coirmãs, muito próximo ao que algumas agremiações do Grupo B realizaram na noite anterior.
O enredo “A Oceânica em um noite de luar” deixou a desejar em vários aspectos, em termos comparativos. Esperava-se algo a mais do que a tradicional agremiação mostrou sobre as lendas, mistérios e magias da Lua , bem como de suas fases e movimentos. Porém, destaca-se a excelente bateria – que deve garantir nota 10 – e o bom desempenho dos músicos do carro de som.
O mesmo não aconteceu nas alas – muitas mudas, sem cantar até mesmo os refrãos do samba, que não rendeu. Primordialmente, em função da falta de estímulo de quem ao menos vestia camisas da escola escrito “harmonia” nas costas.
Desse modo, havendo um julgamento correto, infelizmente, a escola está fadada ao rebaixamento.