Carnaval 2025 - Saiba quais são as favoritas ao título da Série B em Niterói

Público nas arquibancadas da Passarela do Samba montada no Caminho Niemeyer para Carnaval 2025; Saiba quais são as favoritas ao título da Série B, em Niterói, na avaliação do Folha do Leste | Bruna Giovanna/Folha do Leste

A primeira noite de desfiles do Carnaval de Niterói 2025, nesta sexta-feira (21) demonstrou, sobretudo, uma grande evolução do espetáculo, que se destaca pelo equilíbrio e coloca, pelo menos, quatro escolas de samba na disputa pelo título: Batistão, Mocidade de Icaraí, Combinado do Amor e Garra de Ouro. No entanto, dado tamanho equilíbrio, não se trata de exagero dizer que a Sabiá ainda pode surpreender na abertura dos envelopes, na terça-feira (25).

Mesmo assim, as participações de “Tá Rindo Por quê?”, Paraíso da Bonfim e Unidos do Sacramento estiveram à altura do espetáculo, com desfiles muito bons, que elevaram o sarrafo do Grupo B comparado ao ano passado. Como resultado, o evento se consolida como um dos mais importantes do estado. Principalmente, pelo avanço e qualidade crescente do carnaval niteroiense.

Desta forma, podemos classificar a primeira noite como um espetáculo de cores, ritmos e paixão. Um vibrante público lotou a Passarela do Samba especialmente montada no Caminho Niemeyer. Não menos entusiasmados estavam os componentes das escolas de samba, que defenderam em todos os quesitos as tradições do samba em suas comunidades com muita alegria e garra.

Disputa Acirrada pelo Título

Cabine de Julgadores do Carnaval 2025 | Bruna Giovanna/Folha do Leste

Carnaval 2025 – Jurados vão atribuir notas às escolas: saiba quais são as favoritas ao título da Série B em Niterói | Bruna Giovanna/Folha do Leste

Conforme dispõe o regulamento dos desfiles em Niterói, apenas a primeira colocada sobe para o Grupo A. Em termos de premiação, a campeã fatura R$ 20 mil, enquanto a vice, R$ 12 mil.

Banda Batistão

Abre-alas da Banda Batistão, uma das favoritas ao título da Série B em Niterói | Carlos Vinícius/Folha do Leste

Com um desfile impecável, a escola mostrou a força da comunidade do Barreto e a beleza de suas alegorias para contar o enredo “Tata Tancredo e os caminhos da Umbanda”. Em resumo, trata-se da história do pai-de-santo e umbandista Tancredo da Silva Pinto, fundador da Federação Umbandista de Cultos Afro-Brasileiros, em 1950. Naquela época, ainda mais do que agora, as religiões de matriz africana sofriam perseguição e preconceito.

Mocidade Independente de Icaraí

Mocidade Independente de Icaraí, fez um belíssimo desfile e também desponta como uma das favoritas ao título da Série B em Niterói | Carlos Vinícius/Folha do Leste

A escola da Zona Sul contagiou o público com seu samba-enredo envolvente, bem como pela garra de seus componentes. Além disso, chamou atenção pelo seu visual para contar o excelente enredo “Timbó”. Trata-se de um lendário feiticeiro que viveu na Ilha de Marajó e, ao mesmo tempo, nome de um famoso samba de Martinho da Vila.

Combinado do Amor

Combinado do Amor quer voltar à elite e é uma das favoritas ao título da Série B em Niterói | Bruna Giovanna/Folha do Leste

Apresentando o excelente e atual enredo “O Florescer da Vida no Jardim da Criação”, a tradicional azul e branco do Caramujo representou com maestria em suas alegorias e fantasias a criação do mundo por Deus e as consequências da interferência humana.

O resultado disso, todos nós conhecemos: desmatamento, ganância, destruição, poluição. Contudo, resistente e esperançosa, a agremiação canta por um mundo melhor cantou num grito de alerta por preservação.

Garra de Ouro

Sexta escola a desfilar na noite, a agremiação auri-rubro contou a história de Mendes, morador do Morro do Pau da Bandeira, na região da grande Vila Isabel, eternizado na canção de Leci Brandão. Ele instalou um sistema de som na laje de sua casa, de onde narrava acontecimentos para a população daquela comunidade. Entretanto, o simplório serviço noticioso incomodou a esposa de um militar, nos anos de 1970, em plena ditadura militar. O suficiente para calar sua voz.

Este foi o fato que levou Leci a fazer a canção. Entretanto, a Garra de Ouro cantou e contou em alas e alegorias se aprofundou na história do retirante nordestino, indo além do antológico samba.

A Garra de Ouro desfilou bem em todos os quesitos e se credenciou na busca pelo título.

Outras agremiações

A Tá Rindo Por Quê? cumpriu o desafio de abrir a noite. Fez um desfile correto para contar o enredo “Obá Sirê Obá, Orixá Guerreira”, na passarela do samba do Caminho Niemayer. A agremiação mostrou, em todos os seus elementos de desfile, a história, a devoção, a coragem, e o amor da orixá Obá. As cores da entidade – cobre e laranja estiveram bem presentes no desfile. De igual forma, os símbolos que a representam, como a espada (Ofange), arco e flecha (Ofá) e escudo de cobre.

Não está em nosso rol de favoritas porque entendemos que o quesito harmonia ficou comprometido pelo desempenho dos intérpretes da agremiação. Mas não faltou garra à escola.

A Sabiá apostou em uma reedição de 2015 – “Africanidades Brasileiras – Vila, o novo quilombo”, que lhe rendeu um vice-campeonato no Grupo Especial. Apesar do bom conjunto alegórico, o samba não teve o mesmo rendimento das demais agremiações, mesmo com a interpretação do experiente Niu Souza, um dos autores do samba.

Além disso, há uma outra questão: historicamente, um dos elementos do enredo têm contestação histórica comprovada: a lenda da feijoada se tratar de prato típico de escravos, o que pode render punição em enredo.

A Unidos do Sacramento, última escola da noite, apresentou o enredo “Da África à Palmares: Aqualtune, a Princesa Guerreira do Congo”. Trata-se nada menos do que a avó de Zumbi dos Palmares, filho de sua filha, Sabina. Também era mãe dos guerreiros Ganga Zumba e Ganga Zona. A desentoação entre as vozes masculina e feminina no carro de som prejudicaram a compreensão do samba e a harmonia da escola.