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Carnaval 2024: Como explicar que não valeu o escrito por jornalistas?

Por Vicente Dattoli

Há alguns anos, um ex-presidente de escola de samba me falou de jornalistas que ajudava financeiramente. Como cada um sabe de sua vida, ouvi e calei-me, seguro de que meu nome jamais entraria neste tipo de lista ou desabafo. A história, porém, mantém-se nas minhas memórias e de vez em quando ganha sons mais altos. Como neste carnaval recém-encerrado.

Decidi fazer uma experiência: passar o carnaval sem ler jornais.

Como não dá para viver isolado do mundo, via os telejornais, acompanhava redes sociais… Jornal, porém, nada. E por uma razão muito simples: devido aos chamados horários de fechamento, normalmente a edição de segunda-feira, por exemplo, só consegue avaliar as duas primeiras escolas de domingo. O mesmo acontece na terça-feira em relação a segunda.

 

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Acompanhei o carnaval pelas matérias do Folha do Leste, pela televisão (que triste a cobertura oficial) e nas redes sociais. Sem falar das mensagens que recebia de amigos (e falsos amigos) sobre o que acontecia na Sapucaí, onde compareci religiosamente como faço, profissionalmente, desde 1989.

Nesta quinta-feira abri todas as páginas. Coloquei em dia minhas leituras. E me bateu uma dúvida: como o pessoal da mesada vai justificar, diante do espelho, algumas barbaridades que escreveu ou falou? Como desdizer a opinião (deixo claro que opinião é como nome, cada um tem o seu) de “certeza de voltar nas Campeãs” de uma escola que ficou longe, longe, disso?

Lembrando o presidente citado lá em cima… A ajuda recebida, infelizmente, tem dessas coisas. Você acaba associando seu nome a uma opinião nem sempre 100% verdadeira. Talvez nem fosse a sua opinião, mas ficou lá, registrada com seu nome. Aqui na Folha eu afirmei, após a primeira noite, que a Imperatriz brigaria pelo bi – ficou em segundo lugar.

Como escreveu um dia Lupicínio Rodrigues, em “Vingança”, vergonha foi a herança maior que meu pai me deixou. E, apesar de nem pensar exatamente assim, concluo ainda com versos do mais famoso compositor de músicas de fossa do nosso país: “enquanto houver força em meu peito eu não quero mais nada, para todos os santos, vingança clamar”. E sem mesada.

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