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Câmara dos Deputados mantém prisão de Chiquinho Brazão

Após votação apertada, Câmara dos Deputados mantém prisão de Chiquinho Brazão

Após votação apertada, Câmara dos Deputados mantém prisão de Chiquinho Brazão |

 

Em sessão realizada nesta quarta-feira (10), a Câmara dos Deputados manteve a prisão de Chiquinho Brazão (União), preso preventivamente desde 24 de março. Ele é acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, bem como de seu motorista, Anderson Gomes. O crime ocorreu em março de 2018, na Cidade Nova, no Rio de Janeiro. Nesta época, Chiquinho exercia o cargo de vereador, na Câmara carioca.

O placar final da votação teve 277 votos a favor da prisão pelo crime de obstrução de justiça de forma permanente, com 129 contrários, e 28 abstenções. Em suma, 20 a mais do que os 257 correspondentes à maioria absoluta de membros da Câmara dos Deputados necessários para a manutenção da prisão.

Com esse resultado, prevalece a decisão do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), referendada pela 1ª Turma da Corte. Além do deputado federal Chiquinho Brazão, a decisão do STF também determinou a prisão preventiva do ex-deputado estadual Domingos Brazão, líder político da família Brazão e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro – TCE. Igualmente, do delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa.

Faz-se necessário ressaltar que a única exceção que a Constituição Federal admite para a prisão de membros do Congresso Nacional, trata-se de flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, compete à respectiva casa – Câmara ou Senado -, resolver sobre a prisão, pelo voto da maioria dos seus membros, conforme ocorreu nesta quarta-feira. Essa regra está prevista no parágrafo segundo do artigo 53 da Carta Magna.

Desse modo, coube aos parlamentares analisar se houve – ou não – flagrante de crime inafiançável. Nesse sentido, por maioria, relatório da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara entendeu que sim.

CCJ

Segundo o deputado federal Darci de Matos (PSD-SC), relator da matéria, não há que se considerar a possibilidade de fiança quando presentes os requisitos de uma prisão preventiva. Já sobre o flagrante, Darci de Matos classificou o crime como permanente.

“Claramente configurado o estado de flagrância do crime apontado, seja por sua natureza de permanência, seja pelo fato de que os atos de obstrução continuavam a ser praticados ao longo do tempo”

Por fim, o parecer teve 39 votos favoráveis e 25 contrários na CCJ. Dos seis deputados do Estado do Rio de Janeiro que fazem parte da comissão, apenas Chico Alencar (Psol) votou a favor do relatório. Os demais, pelo contrário. Dentre eles, Delegado Ramagem (PL), pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro; e Carlos Jordy (PL), pré-candidato à prefeitura de Niterói. Além deles, Chris Tonietto (PL), Marcelo Crivella (Republicanos) e Dani Cunha (União).

Em defesa de Chiquinho Brazão, falou o advogado Cleber Lopes. Ele protestou sobre a impossibilidade de participação do parlamentar na sessão por falta de acesso à internet no presídio, bem como de não ter acesso à delação de Ronnie Lessa. Indo além, contestou o argumento de prisão em flagrante apresentado pelo deputado Darci de Matos.

“Na CCJ, pretendeu-se construir a ideia de que havia estado de flagrância e que o crime era inafiançável. Se houvesse estado de flagrante, será que a Polícia Federal não o teria prendido em flagrante?” – indagou o advogado

Posições

A pré-candidata à prefeitura de Niterói e deputada federal Talíria Petrone (Psol), comemorou a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão.

Talíria Petrone (agachada, de preto), juntamente com parlamentares de esquerda, manifestando posição favorável a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão | Reprodução Rede Social X

 

“O bolsonarismo tentou soltar Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar Marielle, mas o plenário da Câmara reforçou a decisão do Supremo por 277 votos contra 129, além de 28 abstenções. Marielle, presente!”, disse a deputada Talíria Petrone

Já o deputado Carlos Jordy, seu adversário político e ideológico, em Niterói, atacou a decisão do STF, relembrando a prisão do ex-deputado federal Daniel Silveira, na legislatura passada.

Carlos Jordy – Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

“Voto pelo respeito à previsão constitucional e não pela decisão ilegal do STF. Se o deputado cometeu esse crime, que seja punido e apodreça na cadeia, mas não admitiremos o desrespeito ao art. 53, § 2°, da CF. O precedente aberto com Daniel Silveira não pode ser continuado”, disse Jordy.

Plenário

Confira a postura de cada um dos 46 deputados federais da bancada Rio de Janeiro, na votação em plenário. Ao final, foram 18 votos sim; 18 votos não, 3 abstenções e 7 ausências.

SIMpela manutenção da prisão

Bandeira de Melo (PSB), Benedita da Silva (PT), Chico Alencar (PSOL), Dimas Gadelha (PT), Glauber Braga (PSOL), Jandira Feghali (PCdoB), Laura Carneiro (PSD), Lindbergh Farias (PT), Marcelo Calero (PSD), Marcelo Queiroz (PP), Max Lemos (PDT), Pastor Henrique Vieira (PSOL), Pedro Paulo (PSD), Reimont (PT), Roberto Monteiro (PL), Sargento Portugal (Podemos), Talíria Petrone (PSOL), Tarcísio Motta (PSOL).

NÃOcontra a manutenção da prisão

Altineu Côrtes (PL),
Carlos Jordy (PL-RJ),
Chris Tonietto (PL), Dani Cunha (União), Daniela Waguinho (União), Delegado Ramagem (PL), General Pazuello (PL), Gutemberg Reis (MDB), Helio Lopes (PL), Hugo Leal (PSD), Jorge Braz (Republicanos), Juninho do Pneu (União), Luciano Vieira (Republicanos), Luiz Lima (PL), Marcos Tavares (PDT), Murillo Gouvea (União), Otoni de Paula (MDB), Sóstenes Cavalcant (PL).

ABSTENÇÕESnem sim, nem não

Bebeto (PP-RJ), Doutor Luizinho (PP), Julio Lopes (PP). 

AUSENTESnão estavam no Plenário, ou em Brasília

Aureo Ribeiro (Solidariedade), Chiquinho Brazão (Sem partido – preso), Luis Carlos Gomes (Republicanos), Marcelo Crivella (Republicanos), Marcos Soares (União), Soraya Santos (PL), Washington Quaquá (PT).

 

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