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Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas é lançado e traz esperança

Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas é lançado e traz esperança | Paulo Pinto/Agência Brasil

O Ministério da Justiça e Segurança Pública lançou, nesta quarta-feira (27), o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, uma iniciativa que integra diferentes bases de dados e promete agilizar a localização de desaparecidos no Brasil.

A ativista Ivanise da Silva Santos carrega há quase 30 anos a dor do desaparecimento da filha Fabiana Esperidião da Silva, que sumiu aos 13 anos, em dezembro de 1995, a 100 metros de casa, em São Paulo. Ela criou a Associação Mães da Sé e participou da solenidade em Brasília, onde celebrou o marco como um passo importante na luta das famílias de desaparecidos.

“Hoje estou em estado de graça porque finalmente podemos comemorar o marco inicial de uma luta que levo há quase 30 anos”, disse Ivanise. Segundo ela, o cadastro vai beneficiar familiares e facilitar o trabalho dos estados por meio de seus agentes.

Dessa forma, em 2024, o Brasil registrou 81.022 desaparecimentos, dos quais 55.159 foram solucionados, representando uma taxa de localização de 68%.

Funcionalidades

Isabel Figueiredo, diretora do Sistema Único de Segurança Pública, explicou que o cadastro terá novas etapas de desenvolvimento. Nesta quarta, foram lançadas duas funcionalidades principais:

  1. Painel público: mostra casos concretos, com fotos e informações gerais das pessoas desaparecidas.

  2. Cadastro restrito para órgãos de segurança: permite acesso detalhado a profissionais de segurança, com informações mais completas, como documentos integrais.

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O objetivo é que os registros ocorram o quanto antes, e não após 48 horas, como alguns protocolos estaduais exigem.

“Quanto antes o Estado e as instituições de segurança pública souberem desses casos, maior a chance de localizar essas pessoas com vida”, destacou.

Informações dispersas

O cadastro foi previsto pela Lei 13.812, de 2019. Nicolas Olivier, chefe da delegação regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na América do Sul, ressaltou que as informações sobre desaparecidos atualmente estão dispersas, o que enfraquece as políticas públicas.

“Um cadastro unificado não é apenas uma lista de nomes. É um verdadeiro sistema de gestão de informações, capaz de cruzar dados, gerar pistas e criar histórico confiável para busca e prevenção”, afirmou Olivier.

O secretário nacional de Segurança Pública, Mario Luiz Sarrubbo, reforçou a importância da conscientização da sociedade e do poder público sobre o tema.

Experiência das famílias

A brasiliense Kátia Liberato, 44 anos, perdeu a mãe Mirian em 1999 e percorreu cidades como Goiás e Ceará para tentar encontrá-la. Segundo ela, o cadastro unificado renova esperanças.

“Demorou para o Brasil ter um sistema assim, mas agora posso acreditar que as informações vão circular e ajudar na busca”, afirmou.

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