Brics: Lula pede fim das guerras e fala sobre expansão da união

Lula discursa a favor da inclusão, sustentabilidade e fim das guerras, na Brics. (Reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu o fim de conflitos como o da Rússia e Ucrânia, além de ações efetivas contra a crise climática, durante seu discurso na Cúpula dos Brics.

Em discurso por videoconferência durante a Sessão Plenária Aberta da Cúpula dos Brics, realizada em Kazan, Rússia, nesta quarta-feira (23), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia. Lula alertou que esse conflito, assim como a escalada de violência no Oriente Médio, possui o potencial de se transformar em um confronto global, caso não seja interrompido.

O presidente destacou que, ao assumir a presidência dos Brics em 1º de janeiro de 2025, o Brasil reafirmará seu compromisso em lutar por um mundo multipolar e por relações internacionais menos assimétricas.

Juntos, somos mais de 3,6 bilhões de pessoas que integram o mercado dinâmico, representamos 36% do PIB global[…], contamos com 72% das pedras raras do planetas[…], 76% do manganês e 50% do grafite. Entretanto, o fluxo financeiro continua segundo para Nações Ricas, declara o presidente.

Luta contra fome e pobreza

Lula citou o G20 e convidou à todos os países presentes a desenvolverem iniciativas para diminuir a fome e a pobreza mundial.

“A aliança global contra a fome pobreza já está em fase avançada de adesões, convido a todos a se somarem a iniciativa que nasceu no G20, mas que está aberta a outros participantes”, declarou Lula.

Enfrentamento das mudanças climáticas

O presidente também ressaltou o papel fundamental dos países do Brics na crise climática global. Segundo ele, os países ricos carregam a maior responsabilidade pela crise ambiental, mas os membros do Brics são “atores incontornáveis” para resolver a questão. Ele defendeu que as nações desenvolvidas implementem ações concretas que superem os compromissos financeiros firmados, como o aporte de US$ 100 bilhões para financiar ações climáticas nos países mais pobres, compromisso que, apesar de firmado em 2009, só foi cumprido em 2022.

Lula criticou a lentidão das potências econômicas em tomar medidas mais efetivas e exigiu que as metas de financiamento sejam revisadas para atender às necessidades urgentes do combate às mudanças climáticas.

Também cabe a países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura a 1 grau e meio” acrescentou Lula.

Além disso, o presidente convidou a todos para apresentar novas estratégias para esse enfrentamento da crise climática na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) que será realizada em Belém, no Pará, o Brasil.

Na COP 30 vamos juntos mostrar que é possível conciliar maior ambição em nossas contribuições nacionalmente determinadas com o princípio das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, acrescenta.

Presidente Lula precisou participar vitualmente

O presidente Lula discursou diretamente do Palácio da Alvorada, em Brasília, após ter cancelado sua participação presencial no evento por motivos de saúde. O cancelamento ocorreu após uma queda que sofreu no sábado (19). Por recomendação médica, ele permaneceu em Brasília, enquanto o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, representou o Brasil presencialmente na cúpula.

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O discurso de Lula, mesmo à distância, reafirmou a posição do Brasil sobre o futuro do bloco, trazendo à tona temas cruciais como a busca pela paz e a ação global contra a crise climática.

Saiba oque é o Brics

O Brics surgiu em 2009 com a formação do bloco por Brasil, Rússia, Índia e China, então chamado Bric. Em 2011, a África do Sul foi incluída, mudando o nome para Brics. O grupo realiza reuniões anuais, buscando coordenar ações em segurança, economia e cultura.

Em 2024, o Brics ampliou seu alcance com a adesão de cinco novos países: Egito, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia e Irã, agora membros plenos do bloco.

Diferente da União Europeia, o Brics não constitui uma união econômica formal. No entanto, o grupo trabalha para influenciar a governança global e criar alternativas às instituições financeiras dominadas pelo Ocidente.

Veja o vídeo do discurso completo:

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