Dono da “Voz Marcante” que encantou o Brasil por décadas, o apresentador Léo Batista morreu no sábado (18) aos 92 anos de idade. A confirmação da morte do jornalista aconteceu na tarde deste domingo (19). Ele estava internado desde 6 de janeiro no Hospital Rios D’Or por causa das complicações de um câncer no pâncreas.
Nascido em Cordeirópolis em 22 de julho de 1932, João Baptista Belinaso Neto é filho dos imigrantes italianos Antônio e Maria Belinaso. Aos 14 anos deixou o colégio interno para ajudar no sustento da família. Para completar os estudos, mudou-se para Campinas. Trabalhou como garçom e faz-tudo na pensão do pai, antes de se dedicar integralmente ao rádio.
Seu Léo, como muitos carinhosamente o chamam, iniciou a trajetória em Birigui, no interior de São Paulo. Em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro e tornou-se funcionário da Rádio Globo ao integrar a equipe de Raul Brunini. No primeiro trabalho pela emissora, ele relatava as notícias como Belinaso Neto, trabalhando como locutor e redator de notícias do tradicionalíssimo programa noticioso “O Globo no Ar”‘.
Mudança de nome
A mudança de Bellinaso Neto para Léo Batista aconteceu depois de narrar o jogo entre Bonsucesso e São Cristóvão pelo Campeonato Carioca de 1954. O responsável pela mudança foi o então narrador Luiz Mendes, que sugeriu o nome artístico por ser mais sonoro no ar.
Já trabalhando como Léo Batista, coube ao então locutor a locução de momentos importantes da história do Brasil no século XX: o atentado ao jornalista e deputado federal Carlos Lacerda, em 5 de agosto de 1954; e a morte do presidente Getúlio Vargas, no dia 24 subsequente.
Estreia na TV Globo e pioneirismo na apresentação de jornais
O começo na Globo foi em 1970, como freelancer. Na época, toda a equipe esportiva da emissora fora deslocada para o México, onde seria realizada a Copa do Mundo de 1970. No segundo jogo da competição, quando se enfrentaram as seleções do Peru e da Bulgária, houve um problema na geração do som desde o México e foi necessário fazer a locução dos estúdios no Rio de Janeiro. A tarefa coube a Léo Batista.
Pouco depois, outra surpresa: substituir Cid Moreira em edição extraordinária do ‘Jornal Nacional’. Em entrevista ao Memória Globo, Léo relembrou que substituição aconteceu justamente após Cid pedir dispensa do plantão, pois duas situações aconteceram praticamente ao mesmo tempo na Argentina e na Nicarágua.
“Cid Moreira e Hilton Gomes, o saudoso Papinha, eram os locutores do Jornal Nacional. Em determinada tarde, quem estava de plantão era o Cid. Como as coisas pareciam tranquilas, ele pediu para ser dispensado. Mal saiu, ocorreu o sequestro do presidente Pedro Eugenio Aramburu, da Argentina, além de um terremoto assustador, o maior da história da Nicarágua, que destruiu Manágua”, contou.
A partir de então, ele foi o responsável pela estreia do Jornal Hoje em 1971, Esporte Espetacular em 1973 e do Globo Esporte em 1978.

Foto: Acervo Globo
No Globo Esporte, Léo ficou desde o primeiro programa até meados da 2014. Inicialmente, era o apresentador diário. Depois, anos anos 80, revezava a apresentação com Fernando Vanucci e Galvão Bueno. E a partir dos anos 2000, fazia as apresentações da edição de sábado.

Foto: Reprodução/TV Globo
Dos Gols do Fantástico à primeira Copa América
A narração de Léo Batista se tornou característica, também, dos Gols do Fantástico, quadro do programa que exibia os lances decisivos dos campeonatos estaduais e do campeonato brasileiro de futebol. Também, dos resultados da Loteria Esportiva, com a icônica Zebrinha.
E a partir de meados dos anos 200o, ele também passou a falar os gols dos jogos às quartas-feiras, no Show do Intervalo.
Em 21 de dezembro de 2017, Léo Batista estreou o ‘Canal do Seu Léo’ no ‘Globo Esporte’, em que revela bastidores e curiosidades da cobertura esportiva.
Botafogo homenageia comunicador
“Eterno em nossos corações! 🖤🎙️ Com pesar e gratidão, hoje nos despedimos do grande Léo Batista, escolhido pela Estrela Solitária e um dos maiores nomes da comunicação brasileira. A voz marcante do jornalista atravessou gerações, nos acompanhou em momentos históricos e anunciou o “Tempo de Botafogo”. Torcedor declarado e sócio desde 1992, Léo sempre exaltou o nome do Clube e ganhou um espaço a mais nos corações alvinegros. Em nossa casa, o Nilton Santos, viu a cabine de TV ser batizada com o seu nome e foi ovacionado por milhares de botafoguenses em lindas homenagens. Uma relação de amor, reconhecimento e lealdade. Obrigado por tudo, Léo Batista. Um marco na história do jornalismo, do esporte e do Botafogo! ⭐️ #BFR”.